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No próximo domingo (24), o italianos vão as urnas para eleger um novo parlamento e consequentemente, o novo primeiro-ministro que dirigirá o país. Os dois maiores competidores são o famoso e polêmico Silvio Berlusconi, que concorre pelo PDL (Partido Povo da Liberdade), e o atual premiê, o tecnocrata Mario Monti. Mas um candidato que corre por fora chamou a atenção da imprensa por sua irreverência e propostas revolucionárias.
O comediante e ator genovês Beppe Grillo ameaça a classe política da Itália com seu midiático "Movimento Cinco Estrelas" e com seus ataques antissistema, que fazem tanto a direita quanto a esquerda e o centro político italiano tremerem.
"Eles nos atacam, morrem de medo, sabem que estamos obtendo algo excepcional", clama Grillo, de 64 anos, em declarações feitas, como é habitual, a gritos diante de milhares de jovens e indignados reunidos nas praças públicas da península (com AFP)REUTERS/Giorgio Perottino
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Respeitando seu estilo, corrosivo e histriônico, por vezes vulgar, "o profeta Grillo", como é chamado pelo jornal La Stampa, avança sem parar e alcança um surpreendente consenso, que, segundo as pesquisas, o situa com 13% a 18% dos votos.
Partidário fervoroso da democracia direta, horizontal, que se controla e se regulamenta por si mesma, Grillo está revolucionando a política italiana com uma plataforma para reduzir o número de parlamentares e exigir que os bancos se responsabilizem por suas perdasREUTERS/Stefano Rellandini
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Canalizador da insatisfação dos jovens e desempregados contra a classe política, está perto de se converter na terceira força do país, atrás do Partido Democrático (PD, esquerda) e do Povo da Liberdade (PDL, direita).
O mago dos meios de comunicação e rosto mordaz da televisão nos anos 70 e 90, até ter sido silenciado e censurado, denuncia agora as intrigas da velha política, critica seus privilégios e o capitalismo selvagem e corrupto, alcançando enorme popularidadeAP Photo/Carmelo Imbesi
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Este homem gordo, de cabelos brancos e voz alterada, rejeitou participar dos debates televisivos e prefere se comunicar através das redes sociais e de seu famoso blog, criado em 2000, que se converteu em tempo recorde no mais consultado e influente da Itália: a revista americana Forbes o considera o sétimo mais importante do mundo.
O humorista, que conta com o apoio público do irreverente prêmio Nobel de Literatura Dario Fo, prometeu criar o "politômetro", com o qual controlará a riqueza dos políticosAP Photo/Massimo Pinca
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Grillo, que não pode se apresentar como candidato às eleições por ter sido condenado por homicídio em 1980 como responsável por um acidente de automóvel no qual três pessoas morreram, costuma ser chamado de populista e demagogo.
Seu programa inclui, além de internet grátis para todos, a implementação de uma economia verde e a redução da semana de trabalho a 20 horasAP Photo/Gregorio Borgia
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A vitória de seu partido em abril na prefeitura de Parma, uma próspera cidade de 188 mil habitantes tradicionalmente de direita, colocou a prova o movimento cidadão e seu exército de gente comum e sem experiência de governo, formado por professores, donas de casa, estudantes, funcionários públicos e desempregados.
O humorista seduz com seus anátemas e não perdoa ninguém: chama o magnata das comunicações Silvio Berlusconi de "cadáver ambulante", e o austero tecnocrata Mario Monti e chefe de governo em fim de mandato de "Rigor Montis", um jogo de palavras com "rigor mortis".
Antimilitarista, que chama os partidos de "câncer da democracia", enfrenta pela primeira vez o desafio de conquistar o Parlamento e tentar cumprir suas promessas, entre elas tirar a Itália da EurozonaAP Photo/Pier Paolo Cito