Ripoll e Alcanar são cidadezinhas perdidas entre
montanhas que milhões de turistas que visitam Barcelona desconhecem. Mas são
destas duas comunidades da Catalunha que vieram os ataques violentos que
atingiram uma centena de pessoas ontem (17) na Espanha
Reuters/ Sergio Perez
Há anos, especialistas em contraterrorismo
lançam alarmes sobre a forte penetração salafista na região, sobretudo nas
províncias de Girona, Terragona, Lérida e nas proximidades de Barcelona.
Atualmente, 211 mil pessoas de origem marroquina ou descendentes vivem na
região e representam a maior comunidade estrangeira local
Gettyimages
O número é quatro vezes maior que a comunidade
italiana, que também cresce a cada ano. Lá existem 265 mesquitas oficiais, das
quais 79, ou seja, quase um terço, são salafistas - movimento ultraconsevador
dentro do islamismo sunita e inspira membros de grupos terroristas como EI (Estado Islâmico) e Al-Qaeda
Reuters/ Sergio Perez
De acordo com o jornalista e pesquisador
espanhol Ignacio Cembrero, autor do livro "A Espanha de Allah", a
Catalunha e a Bélgica são as duas zonas europeias com maior incidência de
"atividade salafista"
Reuters/ Sergio Perez
Não por acaso, foi na cidade de Cambrils que se
reuniram há 16 anos os jihadistas Mohamed Atta e Ramzi bin al-Shibh para
preparar detalhes do atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos
Gary Hershorn/REUTERS
Também na Catalunha, as autoridades espanholas
prenderam 200 extremistas desde 2015. Em Ripoll, cidade com apenas 10 mil
habitantes, sendo 10% deles de origem marroquina, uma célula terrorista teria
sido criada recentemente com a participação dos irmãos Moussa e Driss Oukabir,
envolvidos no atropelamento em massa em Las Ramblas, em Barcelona, na tarde de
ontem, e na tentativa de ataque em Cambrils, nesta madrugada
Reuters
Em Alcanar, a célula terrorista, composta por ao
menos oito pessoas, usava uma casa como refúgio para preparar bombas de gás. O
imóvel sofreu uma explosão na quarta-feira passada, um dia antes dos atentados
Reuters/ Giselle Loots
Em um primeiro momento, a polícia espanhola
tratou o caso como incidente, mas, agora, há a suspeita de que tenha sido um
"acidente de trabalho" no preparo dos ataques terroristas
Reuters/ Susana Vera
Quando a van branca atropelou mais de 100
pessoas às 17h locais (12h em Brasília) em Las Ramblas, em Barcelona, muitos
jornais se perguntaram o porquê da Espanha virar alvo de um atentado
terrorista, já que não lidera nenhuma operação militar em países árabes e
contribui com a coalizão militar apenas com apoio logístico e de inteligência
Gettyimages
Mas, há pelo menos duas semanas, seguidores do Estado Islâmico - que assumiu a autoria do atropelamento - haviam feito ameaças nas redes sociais contra o país. Algumas mensagens pediam para os jihadistas "reconquistarem" a região de "Al-Andalus", como era conhecida a Península Ibérica, principalmente a região que hoje corresponde à Andaluzia
REUTERS/Stringer
O local permaneceu sob domínio
muçulmano por quase 800 anos, entre 711 e 1.492. Esse período de
aproximadamente oito séculos coincide com a Idade de Ouro Islâmica