Genro de Bin Laden é considerado culpado de terrorismo em julgamento em NY
Sulaiman Abu Ghaith poderá pegar prisão perpétua
Internacional|Do R7
Um júri considerou nesta quarta-feira (26) Sulaiman Abu Ghaith, um dos genros de Osama Bin Laden e ex-porta-voz da Al Qaeda, culpado das três acusações em um julgamento por terrorismo na justiça federal de Nova York.
Abu Ghaith, de 48 anos, que negou as acusações, pode ser condenado à prisão perpétua após o veredicto unânime que acaba com três semanas de processo no tribunal do sul de Manhattan.
O juiz federal Lewis Kaplan divulgará a sentença no dia 8 de setembro.
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Abu Ghaith, um imã proveniente do Kuwait, ouviu sem se abalar o veredicto que o considerou culpado das acusações de conspiração para matar cidadãos americanos, conspiração para prover material de apoio a terroristas e fornecimento de material de apoio a terroristas.
Após a leitura da decisão dos doze jurados, o acusado sorriu para os advogados e colocou a mão sobre o coração em sinal de agradecimento.
Abu Ghaith ficou conhecido por aparecer ao lado de Bin Laden e do atual líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahiri, em um vídeo da organização extremista no qual o grupo reivindicava os ataques que deixaram quase 3.000 mortos um dia antes em Nova York, Washington e Pensilvânia.
Ele trabalhou para a Al Qaeda até 2002, quando se mudou para o Irã. Foi detido em janeiro de 2013 em Ancara, depois de atravessar a fronteira Irã-Turquia, antes de ser expulso para a Jordânia e extraditado aos Estados Unidos.
A promotoria o apresentou como o "principal mensageiro" de Bin Laden depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, um "confidente íntimo" que aderia plenamente às ideias do sogro.
Segundo o promotor John Cronan, após os ataques de 2001 a Al Qaeda "precisava enviar uma mensagem, que os Estados Unidos tiveram o que mereciam e que isso voltaria a acontecer", e Bin Laden encarregou Abu Ghaith de realizar a missão de "convencer os jovens a se somarem" à organização terrorista.
Entre as acusações contra Abu Ghaith estava a de cumplicidade com o britânico Richard Reid, que tentou explodir um avião que fazia o trecho Paris-Miami com explosivos escondidos em seu sapato três dias após os atentados de 11-S e que atualmente cumpre uma pena de prisão perpétua.
O advogado de defesa, Stanley Cohen, anunciou à imprensa que apelará do veredicto, acusando o juiz de ter sido coercitivo durante o processo e qualificando seu cliente de "estoico".
"Está confiante de que este não é o fim, mas o início. Pensamos que há um número de questões convincentes para uma apelação", afirmou.
A defesa havia descrito Abu Ghaith como um imã devoto que chegou ao Afeganistão com sua esposa e seus sete filhos em junho de 2001 para "ajudar as pessoas necessitadas". Seus discursos, segundo Cohen, não se tratavam de terrorismo, mas de história, tradição e sharia.
Abu Ghaith, que perdeu a nacionalidade kuwaitiana após os atentados de 11-S, surpreendeu na última quinta-feira ao testemunhar para se defender, algo nunca visto em Nova York com um líder da Al-Qaeda.