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Índia e suas mulheres: estupro coletivo, insegurança e fim do silêncio

O R7 conta a difícil realidade das indianas neste Dia Internacional da Mulher

Internacional|Diego Iraheta e Natália Guerra, do R7

Ativista indiana coleta assinaturas para combater atrocidades contra mulheres
Ativista indiana coleta assinaturas para combater atrocidades contra mulheres Ativista indiana coleta assinaturas para combater atrocidades contra mulheres

O estupro coletivo de uma universitária de 23 anos, no fim do ano passado, revelou ao mundo uma Índia sexista e perigosa para as mulheres. A jovem Jyoti Singh Pandey virou mártir, símbolo da criminosa desigualdade no país, após ser violentada e morta dentro de um ônibus. No Dia Internacional da Mulher, o R7 conta a difícil realidade das indianas, que convivem com o medo de sair na rua e a indiferença das autoridades.

No dia 16 de dezembro passado, Jyoti foi violentada por cinco homens e um adolescente dentro de um ônibus na capital, Nova Déli. Além dos abusos, ela foi espancada com barras de ferro e acabou morrendo dias depois.

A reação ao caso foi imediata: a Índia ardeu em protestos. Suas mulheres já não podiam mais tolerar os riscos reais de violência, simplesmente por serem mulheres.

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Foram às ruas e, com pais, maridos, irmãos e filhos, confrontaram até a polícia. Escolheram o barulho como alternativa ao silêncio vigente de décadas sobre a dor de serem condenadas a vítimas.

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Logo depois de Jyoti, outros casos de estupro coletivo anteriores ao de Nova Déli vieram à tona em diversos Estados indianos. Uma adolescente de 17 anos sofreu abuso sexual no dia da tradicional festividade Diwali, em novembro do ano passado, em Punjab. Segundo a TV local NDTV, a menor foi pressionada pela polícia a se casar com um dos dois agressores ou a firmar acordo financeiro com eles. Devastada por não receber ajuda policial, suicidou-se.

Em Rajastão, uma menina de 11 anos teve que passar por mais de dez cirurgias por causa dos ferimentos graves decorrentes de um estupro coletivo em agosto de 2012. Na época da agressão, a polícia também se recusou a registrar o caso. Foi somente a pressão popular que culminou com a prisão de seis suspeitos.

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Anualmente, 66% das mulheres são assediadas

Esse descaso da polícia com as agressões contra as mulheres acaba se refletindo nas estatísticas de violência da Índia. Uma pesquisa feita em 2010 pelo ONU Mulheres, o órgão das Nações Unidas para Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres, revelou esse cenário de insegurança das indianas no dia a dia. A cada três mulheres, duas relatam ter sido vítimas de assédio sexual de duas a cinco vezes em um ano. Três em cada grupo de cinco revelam sofrer abordagens sexuais em plena luz do dia. No total, 5.000 mulheres foram entrevistadas.

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Por que a Índia trata tão mal suas mulheres?

A diretora regional da ONU Mulheres na Índia, Anne Stenhammer, avalia que os resultados dessa pesquisa são alarmantes. Segundo ela, o governo indiano e a entidade internacional buscaram identificar áreas críticas de intervenção no país para garantir a proteção das mulheres.

— Quando as cidades são seguras para mulheres e crianças, elas são seguras para todos. Todo mundo tem direito à liberdade da violência e do medo. Acabar com a violência contra as mulheres é possível e está ao nosso alcance. Isso envolve tanto responder a casos de crimes quanto prevenir esse tipo de ocorrência.

Quase três anos atrás, o transporte público da Índia foi listado como prioridade pelo levantamento da ONU Mulheres e do governo indiano para preservar a segurança das mulheres. Na prática, nenhuma medida parece ter sido adotada — uma vez que foi praticamente em um ônibus o leito de morte da jovem Jyoti.

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