Mulheres sauditas dirigem veículos desafiando proibição e pressão do governo
Governo avisou que não irá "titubear" em aplicar a lei que proíbe manifestações como essa
Internacional|Do R7
Várias mulheres sauditas saíram neste sábado (26) às ruas dirigindo veículos, desafiando as leis que as proíbem de conduzir e a pressão das autoridades, embora outras ativistas preferirem não participar da campanha.
A saudita Mai al Sauiyan postou um vídeo no YouTube no qual aparece conduzindo um carro por uma importante avenida de Riad, vestida com um véu que deixa ver seu rosto e com óculos escuros. O vídeo foi divulgado nas redes sociais, onde as ativistas sauditas aproveitaram para reivindicar seu direito de dirigir no reino ultraconservador.
Com este objetivo tinha sido convocada para este sábado uma jornada de protestos, "cancelada por respeito ao Ministério do Interior saudita", segundo Nashla Hariri, destacada defensora dos direitos das mulheres na Arábia Saudita. No entanto, algumas delas saíram às ruas por conta própria para defender seu direito de dirigir.
Em outro vídeo, gravado em Ehsa, no leste do país, uma mulher conduz um veículo com suas irmãs "para acompanhá-las ao trabalho ao invés de esperarem um motorista". O site onde estava convocado o protesto foi atacado por piratas virtuais, o que se soma à pressão exercida nos últimos dias pelas autoridades para evitar a mobilização.
O porta-voz de segurança do Ministério do Interior, general Mansur al Turki, revelou em declarações publicadas pelo jornal Al Riad que o governo entrou em contato com as ativistas para advertir que não iria "titubear" em aplicar a lei que proíbe atos como o que havia sido programado. Turki considerou que este tipo de conversa é "frequente" de acordo com as medidas "preventivas" dos órgãos de segurança e não significam nenhuma "ameaça".
Oriente velho: mulheres ainda são impedidas de estudar, dirigir e escolher o próprio marido
O Ministério do Interior disse na quinta-feira (24) que aplicaria a lei com firmeza diante de manifestações, que "abrem a porta para discórdia e respondem a sonhos viciosos de instigadores, intrusos e gente que está à espreita para causar dano". Nota do Ministério lembrou que "as normas do reino proíbem tudo aquilo que altera a estabilidade social" e ressaltou que as autoridades competentes seriam rígidas com os infratores.
Há dois dias, a ativista saudita Luyein al Hazlul, que vive nos Estados Unidos, chegou ao seu país natal para participar da anunciada campanha. Em um vídeo divulgado no YouTube, a mulher aparece conduzindo o carro de seu pai do aeroporto de Riad até o lar de sua família e se escuta a voz de seu pai, que defende o direito de todos dirigirem. O jornal saudita Al Ashraq publicou neste sábado que as forças de segurança determinaram que o pai de Al Hazlul assinasse um documento no qual se comprometia a não permitir que sua filha dirija.
A Arábia Saudita vive sob uma rígida interpretação da lei islâmica (sharia), que impõe a segregação de sexos em espaços públicos. Além disso, mulheres não podem dirigir nem viajar para fora do país sem um homem da família, entre outras restrições.
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