Oposição da Venezuela diz ter assinaturas para tirar Maduro da Presidência
País passa por uma grave crise de energética e de desabastecimento
Internacional|Do R7, com agências internacionais
A aliança opositora Mesa de Unidade Democrática, da Venezuela, anunciou que já recolheu as assinaturas necessárias para ativar o referendo com o objetivo de revogar o mandato do presidente Nicolás Maduro. "Em poucas horas conseguimos a tarefa para a qual dispomos de 30 dias e o governo sabe disso. Eles sabem o que aconteceu, a contundência desta jornada que teve início na quarta e terminou na quinta-feira", anunciou o ex-candidato presidencial Henrique Capriles Radonski.
O líder da oposição explicou, durante uma entrevista em Caracas, ser ainda preciso "superar obstáculos, mas que quando os venezuelanos se unem e remam juntos, não há obstáculo" que os trave.
Segundo Henrique Capriles, o número de assinaturas recolhidas é oito vezes superior ao necessário, ou seja conseguiu 1.102.236 quando o Conselho Nacional Eleitoral exigia que tivessem o aval de 197.798 eleitores (1% dos cidadãos inscritos no Registro Eleitoral).
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"Vamos fazer um processo interno de auditoria e verificação. Queremos fazer tudo com controle de qualidade porque sabemos que estamos enfrentando um governo trapaceiro, que é capaz de qualquer coisa. Por isso, prevemos levar as assinaturas ao CNE na segunda-feira. A partir daí têm cinco dias úteis para o processo de validação e verificar se cada assinatura corresponde ao eleitor" indicado, frisou.
A oposição, disse ele, "abriu o caminho para o referendo revogatório" e era "impossível" ter começado esse processo de melhor forma do que esta, "o que reafirma o caráter democrático do povo venezuelano."
Segundo Capriles, uma vez terminado o "requisito prévio" da recolha das rubricas de 1% dos eleitores, os venezuelanos devem se preparar para recolher outros quatro milhões de assinaturas, as quais confirmarão a intenção dos cidadãos de avançar com o referendo revogatório.
Crise
O governo da Venezuela mudou o fuso horário do país, adiantando o relógio em meia hora, como forma de combater a atual crise energética que assola a nação. Segundo as autoridades locais, a medida, que foi estabelecida no último domingo (1º), permitirá que os venezuelanos aproveitem melhor a luz do dia e reduzam o uso de energia elétrica. Com a decisão, o país volta ao antigo fuso horário, mudado em 2007 a pedido do então presidente Hugo Chávez, também alegando a intenção de ajudar a poupar eletricidade.
A mudança de horário é só mais uma de uma longa lista de medidas polêmicas estabelecidas pelo governo de Nicolás Maduro nos últimos meses. Recentemente, Caracas declarou feriado nas sextas-feiras e estabeleceu que os funcionários públicos trabalhem apenas dois dias por semana. A população local ainda sofre com cortes diários de quatro horas de energia.
As autoridades de Caracas culpam o fenômeno climático El Niño pela forte seca que afeta o país. Segundo analistas, a crise resulta da falta de infraestrutura, no entanto. Quase 70% da energia elétrica do país provêm de hidrelétricas, que estão operando com um nível mínimo de água diante da severa seca. Além disso, como os venezuelanos pagam muito pouco pela energia, que tem seu preço subsidiado, não existe um grande incentivo para economizar entre a população.
Salário mínimo
Também no domingo, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou um aumento de 30% no salário mínimo. De 11.578 bolívares, o que equivale a R$ 3.994,51, o salário mínimo na Venzuela passará para 15.051 bolívares, correspondentes a R$ 5.192,59.
O aumento se estende às aposentadorias e soldos de trabalhadores públicos e militares.
Em rede de televisão, ontem (30) à noite, Maduro anunciou também que haverá um incremento na base de cálculo do tíquete alimentação de 2,5% a 3,5%, para um total de 18.585 bolívares, ou R$ 6.411,82.
Neste ano, o salário teve um aumento acumulado de 105%.
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