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Sob ameaça de invasão, Ucrânia anuncia criação de Guarda Nacional formada por 60 mil voluntários

Atualmente, o exército ucraniano é composto de 130 mil soldados frente aos 845 mil russos

Internacional|Do R7

Membros da nova Guarda Nacional já podem ser encontrados nas ruas do país
Membros da nova Guarda Nacional já podem ser encontrados nas ruas do país

O Parlamento da Ucrânia aprovou nesta quinta-feira (13) por unanimidade a criação de uma Guarda Nacional de 60 mil voluntários, para enfrentar as ameaças expansionistas da Rússia, três dias antes do referendo organizado por separatistas na Crimeia.

Na região russa de Rostov, na fronteira com a Ucrânia, a Rússia realiza manobras militares com 4.000 unidades de paraquedistas, 36 aviões e 500 veículos militares, segundo a agência Itar-Tass.

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Os países ocidentais insistem em tentar modificar a posição do presidente russo, Vladimir Putin, que se nega a retirar os milhares de homens mobilizados na península ucraniana da Crimeia desde fevereiro.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, considerada a figura europeia mais influente na crise, advertiu Putin sobre as consequências extremamente negativas para seu próprios interesses do apoio que dá aos planos de adesão à Federação Russa da região ucraniana da Crimeia.


Moscou cedeu a Crimeia para a Ucrânia em 1954, quando as duas repúblicas integravam a União Soviética. Kiev se declarou independente em 1991, mas a Rússia mantém no porto de Sebastopol a base de sua frota no Mar Negro.

Na Crimeia, as autoridades separatistas pró-Moscou prosseguem com os preparativos do referendo do próximo domingo, no qual os cidadãos da península devem decidis sobre a adesão à Rússia.


A Guarda Nacional criada nesta quinta-feira pelo Parlamento pretende reforçar o exército ucraniano composto de 130 mil soldados. O exército russo tem 845 mil militares.

Sob a autoridade do ministério do Interior, a Guarda Nacional pode contar com até 60 mil homens procedentes, principalmente, dos "grupos de autodefesa" que ganharam destaque nos protestos de Kiev contra o presidente Viktor Yanukovytch, destituído em fevereiro pelo Parlamento.

O secretário do Conselho de Segurança Nacional e de Defesa, Andrii Parubii, indicou que a nova força é uma resposta "aos desafios que a Ucrânia enfrenta", em referência à presença das forças russas na Crimeia.

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Quase 40 mil voluntários ucranianos já compareceram aos centros de recrutamento do exército da ex-república soviética.

Os ucranianos também estão preocupados com um deslocamento do exército russo no leste do país, uma região com muitos ucranianos de origem russa.

O anúncio por Moscou nesta quinta-feira do início de manobras militares em vários pontos ao longo da fronteira com a Ucrânia não ajudou a acalmar a situação.

"O principal objetivo destas medidas é verificar a capacidade das tropas de realizar os exercícios de combate", afirma uma nota do ministério da Defesa.

Os exercícios militares acontecerão até o fim do mês nas regiões de Rostov, Belgorod, Tambov e Kursk.

A Rússia também confirmou nesta quinta a mobilização de seis aviões de combate e de três aviões de transporte militar na Belarus, em resposta à intensificação das missões de reconhecimento da Otan por causa da crise ucraniana.

Em Washington, o presidente americano, Barack Obama, se reuniu na quarta-feira com o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, e advertiu Putin sobre os "custos" — não especificados —, caso não modifique sua postura.

Yatseniuk retomou trechos de um famoso discurso pronunciado em Berlim pelo então presidente americano Ronald Reagan para pedir a Putin a derrubada do "muro de intimidação e de agressão militar".

Mas a três dias do referendo sobre o futuro da Crimeia, nada parece deter a adesão à Rússia.

As forças russas controlam os pontos estratégicos da península, onde tudo parece estar preparado para uma secessão rápida. O primeiro-ministro, Serguei Axionov, se autoproclamou "comandante do exército" e os moradores têm acesso apenas aos canais de televisão russas.

Os únicos voos que pousam na região são os procedentes de Moscou.

Neste cenário, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, se reunirão em Londres na sexta-feira.

Antes mesmo do encontro, Kerry advertiu a Moscou que os Estados Unidos e a Europa estão prontos para tomar medidas mais sérias em relação ao referendo de domingo.

"Se não houver um sinal de avançar e resolver este tema, existirá uma série de medidas muito sérias na segunda-feira", afirmou Kerry ante uma comissão do Senado americano.

Ao mesmo tempo, os europeus aceleram a aproximação da Ucrânia, que poderia assinar o acordo de associação com a UE em 20 ou 21 de março, durante a reunião de cúpula dos países do bloco em Bruxelas.

O Parlamento Europeu pediu nesta quinta-feira à União Europeia que aprove "o mais rápido possível" novas sanções contra a Rússia, como o embargo de armas ou sanções econômicas.

A OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos) suspendeu o processo de adesão da Rússia e destacou o interesse em reforçar a cooperação com a Ucrânia.

Em Moscou, o presidente da Comissão das Relações Exteriores do Parlamento russo afirmou que qualquer sanção europeia contra a Rússia seria traduzida em medidas recíprocas.

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