Ucrânia considera declaração de independência da Crimeia "ilegítima"
A consulta popular sobre o tema também foi declarada ilegal pelo governo da Ucrânia
Internacional|Do R7
O embaixador da Ucrânia nas Nações Unidas em Genebra, Yurii Klymenko, considerou nesta terça-feira (11) que a recente declaração de independência da Crimeia é "ilegítima", pois a autoridade que determinou a separação, o Conselho Superior (Parlamento regional), é "totalmente ilegítima".
"As autoridades da Crimeia são ilegítimas, porque foram escolhidas em violação dos procedimentos existentes e em violação de todas as leis da Ucrânia, em violação da Constituição. Os líderes da Crimeia são ilegítimos, os legisladores são ilegítimos, e se o corpo legislativo é ilegítimo, as resoluções que tome são, obviamente, ilegítimas", afirmou Klymenko em declarações à Agência Efe.
Parlamento da Crimeia proclama independência
Ameaça de guerra altera a vida de moradores da Crimeia
Ao aprovar a declaração de independência, o Conselho Superior da Crimeia reiterou também sua intenção de ser incorporada à Rússia. No domingo, será realizado um referendo na região autônoma para perguntar aos cidadãos locais se desejam se anexar à Rússia.
A consulta foi declarada ilegal pelo governo da Ucrânia.
"Não reconhecemos o referendo porque é inconstitucional e ilegítimo. Porque contradiz a atual legislação ucraniana. A decisão de mudar o território só poderia ser o resultado de um referendo em toda Ucrânia, de um referendo nacional", afirmou Klymenko.
"Além disso, como se pode realizar um referendo justamente quando as tropas russas estão desdobradas e armadas? Quem vai votar livremente com um fuzil apontando para a cabeça?", perguntou o embaixador. Klymenko também se referiu à Conferência de Desarmamento, o fórum das Nações Unidas que tem por objetivo reduzir o arsenal militar internacional, e disse que tinha convocado seus membros para denunciar que a Rússia violou o Memorando de Budapeste.
"O que ocorre agora é um exemplo de como um país está violando os próprios tratados que assina e um exemplo de como se está erodindo o regime de não proliferação armamentista".
Com escalada da crise, Otan manda aviões e monitora fronteiras da Ucrânia
Tiros são disparados durante operação em base naval da Crimeia
O Memorando de Budapeste, assinado na capital da Hungria em 1994 e referendado por vários países, incluídos Estados Unidos, Reino Unido e Rússia, estabeleceu a independência ucraniana.
O texto ressalta o compromisso de vários países com a segurança, a soberania e integridade territorial da Ucrânia após sua renúncia às armas nucleares instaladas em seu território na época da antiga União Soviética.
O embaixador ucraniano lembrou mais uma vez que a Rússia violou a independência e a soberania da Ucrânia e solicitou a toda a comunidade internacional que ajudem a convencer o Kremlin a mudar sua postura.