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Delegado alega que adolescente estava em “estado depressivo” e era “assediada” por padrasto

Em carta, Geraldo Toledo confirmou relacionamento e disse que menor foi abandonada pela família

Minas Gerais|Felipe Rezende, do R7 MG

Delegado está preso há quase um mês
Delegado está preso há quase um mês

Em carta encaminhada ao deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o delegado Geraldo Toledo, suspeito de atirar na namorada, uma adolescente de 17 anos, disse que a menina estava em “estado depressivo” e era “assediada” pelo padrasto.

O documento foi lido durante um audiência pública para “colher esclarecimentos” sobre o caso nesta quinta-feira (9). A Justiça negou o pedido para que Toledo, preso desde 15 de abril, fosse ouvido durante a sessão.

Na carta de nove páginas, escrita de próprio punho, o delegado diz que conheceu a adolescente em 2010 e começou um “ligeiro relacionamento” com a jovem em agosto de 2012. Ele relata diversos conflitos familiares, inclusive uma tentativa de assédio por parte do padrasto e o fato dela ter sido expulsa de casa após ter contado sobre um suposto caso que a mãe estava mantendo com um vereador de Betim, na Grande BH.

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A menina teria simulado uma gravidez para poder morar com Toledo. “Aceitei imediatamente. A inseri no programa governamental Mães de Minas e a coloquei como dependente em meu plano de saúde. Começamos a viver realmente como um casal”.


O delegado conta que, desconfiado, pediu exames médicos e, depois de 40 dias, descobriu que ela nunca esteve grávida. A mãe da jovem afirmou que o delegado obrigou sua filha a fazer um aborto.

Toledo afirma que no dia 8 de abril a adolescente mandou mensagens para ele “alegando que estava desesperada porque teria que morar com um primo que também a assediava”. “Fiquei bastante preocupado pois sabia que ela estava em estado depressivo”. Ele conta que levou a menina para Ouro Preto para que ela pudesse “reviver sua infância”.


Durante uma conversa dentro do carro do delegado a jovem teria atirado contra a própria cabeça. "Saí do veículo dizendo que iria embora. Aos berros, ela pedia para eu voltar. Quando olhei para trás, ela retirou da bolsa uma pequena arma e disparou contra si mesma, na cabeça".

Toledo afirma que levou a menina para o hospital, acionou sua família, a dela e seus superiores. Ele ainda cita documentos do inquérito policial que apontam que a arma usada não era a dele, que o revólver não deixa resíduos e que uma amiga da adolescente contou que ela tinha uma arma e munição.

Em seu primeiro depoimento, o delegado já havia dito que a menina teria tentado se matar, mas um laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Civil desmentiu a informação, já que não havia pólvora na mão da vítima. A garota está internada no Hospital João 23, na região central da capital mineira.

"Não existe qualquer motivo para eu desejar a morte de tão marvilhosa garota", diz, na carta.

Desafetos

Geraldo Toledo diz que "angariou" alguns desafetos na Polícia Civil. Por isso, segundo o delegado, foi acusado de fazer parte de uma quadrilha de roubo de motocicletas. Em 2011, ele também foi acusado de integrar um grupo que licenciava caminhões roubados no Espírito Santo.

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