Sem Terra prometem protestos em BH durante julgamento da "Chacina de Felisburgo"
Fazendeiro acusado da morte de cinco trabalhadores vai a júri na quarta-feira (21)
Minas Gerais|Do R7 MG
Trabalhadores rurais sem terra prometem intensa mobilização em Belo Horizonte na quarta-feira (21) para tentar impedir novo adiamento do júri de Adriano Chafik, acusado de ser o mandante da "Chacina de Felisburgo".
O julgamento do fazendeiro está marcado para às 8h30 de amanhã no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. Por questões de segurança e imparcialidade dos jurados, a sessão foi transferida de Felisburgo para a capital mineira.
Além de Chafik, vão a júri popular os supostos pistoleiros Washington Agostinho da Silva, Milton Francisco de Souza e Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira. O homem acusado de contratá-los, Admilson Rodrigues Lima, morreu neste ano.
Segundo Maria Gomes, do acampamento do MST em Felisburgo, os ativistas "só saem de lá com o assassino preso".
— A sociedade já cansou de tanta injustiça e quer a condenação de Adriano. A cada adiamento ele decreta sua culpa e mostra que está fugindo da justiça. Estamos vindo para BH nesta terça com 700 militantes de todas as regiões do estado, e vamos parar a cidade com uma grande marcha até o Fórum.
A sessão será presidida pelo juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes. O Ministério Público será representado pelo promotor Christiano Leonardo Gonzaga Gomes. Todas as testemunhas serão ouvidas por carta precatória.
Adiamento
Em maio deste ano, a Justiça decidiu adiar o julgamento de dois réus, dentre eles, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy. A determinação foi tomada depois que um dos advogados de defesa, Antônio Francisco Patente, deu entrada com o pedido.
Na data, o juiz responsável pelo caso, Glauco Eduardo Soares Fernandes, considerou que era "inviável" que 60 testemunhas comparecessem à audiência, que estava marcada para o dia 15, já que participaram de uma sessão na comarca de Jequitinhonha, cerca de 700 km da capital mineira, um dia antes.
O crime
Adriano Chafik Luedy é acusado pelo Ministério Público de comandar uma invasão ao acampamento "Terra Prometida", no dia 20 de novembro de 2004, em uma fazenda em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha.
Segundo a denúncia, o fazendeiro e cerca de 15 homens fortemente armados mataram cinco integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e deixaram pelo menos 15 feridos, entre elas uma criança que, na época, tinha 12 anos.
O suspeito, que chegou a confessar o crime, responde ao processo em liberdade, bem como os outros réus na ação. Testemunhas chegaram a relatar que os integrantes do acampamento estariam sofrendo ameaças constantes.