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Caso Amarildo: 2 anos após sumiço, viúva diz temer PM na Rocinha e tem esperança de achar restos mortais

MPRJ reabriu caso para apurar suposta participação do Bope na ocultação do cadáver

Rio de Janeiro|Bruna Oliveira, do R7

Viúva tem esperança de localizar e enterrar corpo de Amarildo
Viúva tem esperança de localizar e enterrar corpo de Amarildo Viúva tem esperança de localizar e enterrar corpo de Amarildo

Dois anos após o desaparecimento de Amarildo de Souza, a família ainda mantém a esperança de localizar e enterrar o corpo do ajudante de pedreiro. Amarildo sumiu após ser levado para averiguação na sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, zona sul do Rio, no dia 14 de julho de 2013. Vinte e cinco policiais militares respondem por participação no crime. Nesta segunda-feira (13), o R7 conversou com a viúva, Elizabeth Gomes da Silva, que cobrou esclarecimentos do caso e disse ainda temer represálias na comunidade onde mora.

— A gente não vai descansar, se calar, nem deixar impune. O que a gente quer é encontrar os restos mortais do meu marido. Queremos respostas. Eles [policiais] torturaram e esconderam o corpo. Eles sabem onde está o cadáver. 

A esperança de encontrar o corpo de Amarildo aumentou em junho deste ano, depois que o caso teve uma reviravolta. Após análise minuciosa de imagens fornecidas pela Polícia Militar do dia do crime, o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) reabriu a investigação para apurar a participação de policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) na ocultação do cadáver do ajudante de pedreiro. Com os novos rumos da investigação, 14 agentes da tropa de elite da PM foram afastados de suas funções.

No último dia 23, o MPRJ anunciou que peritos detectaram um volume — que pode ser de um corpo — em uma das viaturas do Bope que foram acionadas para um suposto confronto na Rocinha, no dia do desparecimento do ajudante de pedreiro. Além disso, o GPS do veículo ficou cerca de uma hora sem emitir informações dentro da comunidade.

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O caso está com a promotora de Justiça Marisa Paiva, da 15ª PIP (Promotoria de Investigação Penal). Procurada pelo R7, a promotora informou, por meio de nota, que “a investigação ainda está no início, portanto não é aconselhável qualquer manifestação nesse momento”.

Ao todo, 25 PMs já respondem pelos crimes de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha no caso Amarildo. Entre eles, o ex-comandante da UPP da Rocinha major Edson Santos. De acordo com a assessoria de imprensa do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), 13 policiais suspeitos de participação no crime estão presos. Já os outros réus aguardam o julgamento em liberdade.

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O juiz Tiago Fernandes de Barros, da 35ª Vara Criminal da Capital, é o responsável pelo processo sobre o desaparecimento. A fase de instrução do processo foi concluída. O MPRJ já apresentou as alegações finais e, agora, a defesa dos réus fará suas considerações. Em seguida, o processo, que tramita em segredo de justiça, será enviado concluso para a sentença.

Família de Amarildo

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O caso Amarildo virou símbolo de abuso de poder e violência policial no Rio. Dois anos após o sumiço do ajudante de pedreiro, a viúva, Elizabeth Gomes da Silva, contou que ainda teme represálias. Segundo Beth, ela foi agredida verbalmente por uma policial, na Rocinha, logo após o desaparecimento do marido. A viúva relatou que foi chamada de “safada" e "abusada”. Apesar de episódios como esse não terem se repetido, ela disse que vive com medo.

— Medo a gente tem porque são covardes [policiais]. Tenho medo porque são bandidos de farda. Moradores nunca bateram no meu marido, traficantes nunca chamaram meu marido. Para mim, isso é um grande quebra-cabeça.

Mãe de seis filhos, Beth recebe pensão, no valor de um salário míninmo, do governo do Estado. Após a perda do marido, ela comprou uma casa na comunidade com a ajuda de artistas, como Marisa Monte e Caetano Veloso.

Relembre o caso

Amarildo desapareceu no dia 14 de julho de 2013 após ser levado por policiais militares para a sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha para averiguação durante a operação Paz Armada, da Polícia Militar. Após o desaparecimento, familiares e vizinhos fizeram protestos que chegaram a fechar o túnel Zuzu Angel. Todos se perguntavam: Onde está o Amarildo?

O caso ganhou repercussão e entrou na pauta dos protestos que tomaram a cidade no segundo semestre do ano passado. Em outubro, 25 PMs da UPP da Rocinha foram presos sob acusação de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha. Entre eles, o major Edson Santos, comandante da unidade.

De acordo com o MP, o ajudante de pedreiro foi torturado por cerca de 40 minutos em um pequeno depósito atrás do contêiner da UPP da Rocinha. Além de receber choques elétricos, Amarildo teria sido afogado em um balde e sufocado com saco plástico na boca e na cabeça.

Segundo a promotora Carmem Elisa Bastos, quatro PMs teriam sido efetivamente os torturadores de Amarildo: tenente Luiz Medeiros, o sargento Gonçalves e os soldados Maia e Vital. Já o major Edson Santos, hoje preso no complexo de Bangu, ficou em seu escritório, no andar de cima do contêiner, em frente ao local da tortura.

Testemunhas disseram ter ouvido o pedido para trazer uma capa de moto para cobrir o corpo, retirado do depósito pelo telhado em frente à mata.

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