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Caso Amarildo: PM abre inquérito para investigar participação de agentes do Bope em ocultação de corpo

MPRJ suspeita que corpo tenha sido levado em carro de batalhão especial

Rio de Janeiro|Do R7

Amarildo de Souza desapareceu após ser levado para averiguação
Amarildo de Souza desapareceu após ser levado para averiguação Amarildo de Souza desapareceu após ser levado para averiguação

A Polícia Militar do Rio vai abrir um novo inquérito para investigar uma possível participação de agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) na ocultação do cadáver do pedreiro Amarildo de Souza, ocorrida nos dias 14 e 15 de julho de 2013, na Rocinha, zona sul do Rio. A informação foi confirmada pela corporação após o MPRJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) informar, na segunda-feira (22), que também vai abrir investigação para apurar o caso. De acordo com a PM, a abertura do IPM (Inquérito Policial Militar) foi determinada pelo comandante-geral da corporação.

A suspeita do MPRJ tem por fundamento a análise de imagens da comunidade, em confronto com as informações do GPS das viaturas do Bope. O exame detalhado das imagens, feito pela Dedit (Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia), da CSI (Coordenadoria de Inteligência e Segurança) do MPRJ, mostra "um volume não incompatível com o de um cadáver embalado dentro de um carro do Bope", segundo informou o MPRJ por meio de nota.

No processo que apura responsabilidade dos policiais militares da UPP da Rocinha, consta a informação de que o corpo de Amarildo foi envolto em uma capa de moto com fitas adesivas.

Entenda o caso

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Amarildo desapareceu no dia 14 de julho de 2013 após ser levado por policiais militares para a sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha para averiguação durante a operação Paz Armada, da Polícia Militar. Após o desaparecimento, familiares e vizinhos fizeram protestos que chegaram a fechar o túnel Zuzu Angel. Todos se perguntavam: Onde está o Amarildo?

O caso ganhou repercussão e entrou na pauta dos protestos que tomaram a cidade no segundo semestre do ano passado. Em outubro, 25 PMs da UPP da Rocinha foram presos sob acusação de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha. Entre eles, o major Edson Santos, comandante da unidade.

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De acordo com o MP, o ajudante de pedreiro foi torturado por cerca de 40 minutos em um pequeno depósito atrás do contêiner da UPP da Rocinha. Além de receber choques elétricos, Amarildo teria sido afogado em um balde e sufocado com saco plástico na boca e na cabeça.

Segundo a promotora Carmem Elisa Bastos, quatro PMs teriam sido efetivamente os torturadores de Amarildo: tenente Luiz Medeiros, o sargento Gonçalves e os soldados Maia e Vital. De acordo com depoimentos, 11 policiais receberam ordem do tenente para permanecer dentro do contêiner e puderam ouvir as agressões. Outros 12 vigiavam o local.

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Os policiais ouvidos também disseram que o major Edson Santos, hoje preso no complexo de Bangu, ficou em seu escritório, no andar de cima do contêiner, em frente ao local da tortura. As testemunhas também disseram ter ouvido o pedido para trazer uma capa de moto para cobrir o corpo, retirado do depósito pelo telhado em frente à mata.

Segundo a DH, que ouviu 133 pessoas e obteve na Justiça autorização para grampear os celulares dos policiais acusados, um informante dos PMs, que está agora sob o Programa de Proteção de Testemunhas, disse a eles que Amarildo teria a chave de um paiol. O ajudante de pedreiro teria, então, sido torturado para que indicasse a localização desse depósito de armas. A delegada Elen Souto disse que, entre as técnicas usadas, estavam asfixia com saco plástico na cabeça, choques elétricos no corpo molhado e ingestão de cera líquida.

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