A mãe do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de dez anos, afirma que o filho foi atingido pelas costas por um policial militar, sem chances de se defender. O menino foi morto nesta quinta-feira (2) no Complexo do Alemão, zona norte do Rio.
— Eles [policias] atiraram no meu filho, que não tinha defesa nenhuma, nas costas.
Revoltada, Terezinha de Jesus afirmou que estava sentada no sofá com Eduardo momentos antes do assassinato. O menino levantou e se sentou próximo à porta para conversar, quando foi atingido.
— Eu só escutei o baque do tiro e, quando eu corri, meu filho tava lá embaixo. O cérebro do meu filho está na minha varanda.
Um vídeo postado nas redes sociais mostra o desespero de familiares e vizinhos após a morte da criança. Um grupo de policiais militares continuava no local momentos depois do tiro ter atingido Eduardo. Nas imagens, Terezinha se desespera e pergunta "O que eu vou fazer agora sem o meu filho?". Veja.
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A mãe do menino afirma que ele não tinha envolvimento com o tráfico, estudava e participava de projetos educacionais no Ciep em que estudava. Terezinha afirma, também, que um policial militar ameaçou atirar contra ela após a morte de Eduardo.
— Quando eu fui salvar meu filho, ele [policial] apontou a arma pra mim e eu disse: "Me mata, vocês já tiraram a vida do meu filho!". Eles não deixaram eu cuidar do meu filho. Eles queriam atirar em mim.
A Polícia Civil informou que foi instaurado inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Eduardo. Os policiais militares envolvidos na ação serão chamados para prestar depoimento e as armas foram apreendidas para confronto balístico.
Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, uma equipe do Batalhão de Choque fazia patrulhamento na região quando se encontrou com um grupo criminoso. Houve troca de tiros e, segundo os agentes, a criança teria sido atingida por um disparo.
Sem citar a morte da criança, o governador Luiz Fernando Pezão disse, por meio de nota, lamentar "os recentes fatos ocorridos na cidade do Rio de Janeiro" e se solidarizou com as famílias das vítimas. Pezão determinou empenho à polícia nas investigações.
Protesto por paz
Moradores do Complexo do Alemão realizaram um protesto na noite desta quinta-feira (2). Além de Eduardo, outras três pessoas morreram na comunidade desde a quarta-feira (1º). O protesto durou cerca de 30 minutos e os moradores levaram velas acesas pelas ruas da comunidade.