Pouco antes das 18 horas desta sexta-feira (15), moradores do morro de São Carlos, no centro do Rio, reiniciaram um protesto, supostamente contra a morte de dois mototaxistas ocorrida na noite de quinta-feira (14). Outro ato já havia ocorrido pela manhã, quando ônibus chegaram a ser incendiados.
Policiais militares acompanharam o ato e houve confronto. Atacados com pedras e outros objetos, os PMs reagiram lançando bombas de gás. Moradores chegaram a fazer barricadas com sacos de lixo para tentar impedir o avanço dos policiais rumo ao alto do morro.
O trânsito chegou a ser interrompido em pelo menos uma via, mas foi liberado por volta das 18h15.
Jovens mortos
Na manhã de sexta-feira, os corpos dos jovens foram encontrados no alto do morro do São Carlos. Rodrigo Marques Lourenço, de 30 anos, e Ramon Moura de Oliveira, de 23 anos, não tinham anotações criminais. A informação foi confirmada pela Polícia Civil.
Rodrigo era mototaxista no São Carlos e morava em Santíssimo, na zona oeste da cidade. A mãe do jovem afirma que todos os documentos dele foram levados após o assassinato. Ela citou a polícia ao falar sobre a perda do filho.
— Os nossos jovens vão ter que morrer sempre assim? A polícia vai chegar e matar todo mundo assim? Quem vai criar meu neto de três anos agora?
Devido ao clima de tensão, a Secretaria Municipal de Educação informou que 863 alunos ficaram sem aula na região na sexta-feira.
Outras mortes
Outros dois homens morreram na quinta-feira. De acordo com a CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora), um adolescente foi baleado após troca de tiros entre PMs e traficantes na comunidade do Querosene, no Complexo de São Carlos, e levado para o Hospital Souza Aguiar, mas não resistiu aos ferimentos.
Na comunidade da Mineira, outro homem foi baleado e levado para a mesma unidade, onde acabou morrendo. Nas duas ações, armas e drogas foram apreendidas.
No Morro da Coroa, após a tentativa de invasão, oito pessoas morreram e cinco ficaram baleadas. A suspeita é de que a ação tenha sido comandada pelo traficante Fú da Mineira, que atua em uma facção rival à da Coroa.
O Disque-Denúncia aumentou para R$ 10 mil o valor da recompensa para quem tiver informações que levem à prisão dele.