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Veja local onde Amarildo teria sido torturado; mais 3 PMs têm prisão decretada

Nesta terça (22), o Ministério Público anunciou que mais 15 policiais serão denunciados

Rio de Janeiro|Do R7

Segundo as investigações, os policiais jogaram óleo de cozinha no local da tortura para apagar as manchas de sangue
Segundo as investigações, os policiais jogaram óleo de cozinha no local da tortura para apagar as manchas de sangue
O MP diz que Amarildo foi torturado em uma área atrás da UPP
O MP diz que Amarildo foi torturado em uma área atrás da UPP

A Justiça aceitou o pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro e ordenou a prisão preventiva de mais três policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha) suspeitos de envolvimento no desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo Dias, em 14 de julho. Eles estão entre os 15 policiais que tiveram a denúncia anunciada pela Promotoria nesta terça-feira (22). Ao todo, são 25 denunciados pela Promotoria pelos crimes de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha. Dez suspeitos já estão presos desde 4 de setembro.

As fotos (ao lado e acima) mostram o local onde, segundo o Ministério Público, o crime teria sido cometido. Os PMs teriam usado óleo de cozinha para apagar as manchas de sangue no local.

Assista ao vídeo:

Ainda de acordo com o MP, o ajudante de pedreiro foi torturado por cerca de 40 minutos em um pequeno depósito atrás do contêiner da UPP da Rocinha. Além de receber choques elétricos, Amarildo teria sido afogado em um balde e sufocado com saco plástico na boca e na cabeça.


Agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) do Ministério Público colheram depoimentos de policiais militares ao longo das últimas semanas. Ao menos cinco confirmaram que Amarildo foi torturado próximo à sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha. Disseram, inclusive, que os gritos podiam ser ouvidos claramente.

Segundo a promotora Carmem Elisa Bastos, do Gaeco, quatro PMs teriam sido efetivamente os torturadores de Amarildo: tenente Luiz Medeiros, o sargento Gonçalves e os soldados Maia e Vital. De acordo com os depoimentos, 11 policiais receberam ordem do tenente para permanecer dentro do contêiner e puderam ouvir as agressões. Outros 12 vigiavam o local. Os policiais ouvidos também disseram que o major Edson Santos, ex-comandante da UPP que hoje está preso no complexo de Bangu, ficou em seu escritório, no andar de cima do contêiner, em frente ao local da tortura. As testemunhas também disseram ter ouvido o pedido para trazer uma capa de moto para cobrir o corpo, o corpo sendo retirado do depósito pelo telhado em frente à mata.


Ainda segundo o MP-RJ, mais 15 policiais militares, entre eles três mulheres, foram denunciados pelo órgão, totalizando 25 acusados pelo crime.

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No início do mês, o Gaeco havia informado que escutas telefônicas autorizadas pela Justiça do Rio ajudaram a Divisão de Homicídios nas investigações que levaram à prisão preventiva de dez PMs, os primeiros denunciados. Os dez agentes tiveram os telefones celulares grampeados e monitorados.

Uma escuta revelou conversa de um PM com a namorada três dias após a reprodução simulada na Rocinha, que refez as versões dos PMs da noite em que Amarildo desapareceu. Segundo o delegado Rivaldo Barbosa, o acusado disse à mulher: "Eles já sabem o que aconteceu, só não têm como provar".

Para atrapalhar as investigações, um dos PMs tentou se passar por um traficante conhecido como Catatau. Segundo a polícia, o acusado telefonou para um celular apreendido que vinha sendo monitorado e assumiu a autoria da morte de Amarildo, como se fosse Catatau. Entretanto, segundo a delegada Elen Souto, ficou provado que a voz não era do traficante.

Em seguida, de acordo o Gaeco, a voz das gravações foi comparada com a de 34 policiais militares. Foi então que concluiram que seria um soldado identificado como Marlon Campos Reis.

As gravações das conversas dos acusados ainda mostraram, segundo a polícia, que eles combinavam versões sobre o crime na tentativa de não cair em contradição diante dos investigadores. Em uma das delas, o major Edson Santos, ex-comandante da UPP da Rocinha, liga para um dos PMs acusados, segundo Barbosa.

— O major Edson tenta combinar depoimentos com o soldado Vital. Quando o soldado Vital sai da DH, ele [Edson] liga para o soldado Vital e pergunta: 'Vital, você disse na DH que foi lá embaixo só para buscar o Amarildo?'

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