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Advogado ferido por bala de borracha e detido diz que ação da PM foi "ilegal" e "arbitrária"

André Zanardo participava do protesto contra o Instituto Royal, em São Roque

São Paulo|Fernando Mellis, do R7

Zanardo (foto) foi atingido por um tiro disparado a cerca de 15 m, segundo ele
Zanardo (foto) foi atingido por um tiro disparado a cerca de 15 m, segundo ele

Enquanto trabalhava, o defensor da ONG Advogados Ativistas André Zanardo acabou ferido por um tiro de borracha e ainda foi levado à delegacia pela Polícia Militar. Ele estava em um protesto contra o Instituto Royal, em São Roque, que terminou em confronto e vandalismo, na manhã deste sábado (19). Em entrevista ao R7, o advogado disse que a detenção foi “ilegal” e “arbitrária”.

Zanardo foi atingido durante a confusão. Segundo ele, o tiro partiu de uma distância de aproximadamente 15 m. Ele disse que caiu e quando conseguiu se levantar foi até um capitão da PM e identificou-se como advogado pela segunda vez. O objetivo era saber os nomes dos policiais que estavam portando armas que usam munição de borracha.

— Conversando com o capitão, o tenente Celone começou a falar que eu estava resistindo à prisão, sem acusação legal nenhuma, e a partir daí me detiveram. Não alegaram nada naquele momento. Me cercearam o direito de ter um representante de um OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], me levaram no camburão. Tudo isso de forma ilegal, arbitrária. Os códigos brasileiros falam que isso não pode acontecer com advogado.

De acordo com o advogado, na delegacia, o capitão e o tenente falaram que ele estava jogando pedra na direção dos policiais. No entanto, Zanardo foi liberado pelo delegado, sem qualquer registro contra ele. Após isso, o defensor registrou boletins de ocorrência por lesão corporal, denunciação caluniosa e abuso de autoridade contra os PMs.


A Polícia Militar não se posicionou sobre o episódio envolvendo os oficiais e o advogado. A corporação apenas disse que “foi necessário o emprego gradual da força, que culminou com ações de controle de distúrbios”.

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O protesto

Cerca de 300 pessoas, segundo a PM, participaram do ato nesta manhã, na altura do km 56 da rodovia Raposo Tavares. O objetivo era protestar contra o Instituto Royal, invadido na noite de quinta-feira (17) por ativistas que resgataram 178 cães da raça beagle, usados em testes farmacêuticos. Integrantes do grupo Black Bloc também foram e ficaram à frente da passeata.


Os proprietários da clínica obtiveram na Justiça uma liminar proibindo que a manifestação chegasse perto da sede. A PM foi acionada para garantir o cumprimento da determinação. Porém, segundo Zanardo, os policiais contiveram as pessoas muito antes do que deveria ter sido.

Para dispensar o grupo, foram usadas bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, além das balas de borracha. Ao todo, seis pessoas ficaram feridas.

Três carros foram incendiados — uma viatura da Polícia Militar e dois veículos da TV TEM, afiliada à Rede Globo. A Secretaria da Segurança Pública informou que sete pessoas foram levadas para a Delegacia de São Roque. Pelo menos duas delas permaneciam presas até as 20h.

Para o advogado, a forma como as ordens são dadas na PM é um dos motivos para ações como a deste sábado.

— Eu acredito que o trabalho atual da Polícia Militar é repressor, devido à estrutura hierárquica, que não permite que os policiais pensem por si e apenas cumpram ordens. Essa ordem chega de cima, via telefone sem fio, na hora em que o soldado de baixa patente vai cumprir a ordem ela está completamente distorcida e acaba saindo de uma forma violenta, muitas vezes. 

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