Caso Bianca: defesa de Dota diz que homicídio “contaminou” tese contra estupro
Advogados do motoboy reafirmaram que não havia prova acerca do abuso sexual
São Paulo|Thiago de Araújo, do R7
Os advogados Mauro Otávio Nacif e Aryldo de Paula, dois dos seis que defenderam o motoboy Sandro Dota durante o julgamento pela morte e estupro da universitária Bianca Consoli, em setembro de 2011, se mostraram insatisfeitos com o desfecho do julgamento, no qual o réu foi condenado a 31 anos de cadeia. A sentença foi anunciada nesta terça-feira (17), no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.
Nacif explicou, com frases de efeito (“fomos vencidos, mas não convencidos”, “perdemos o júri, caímos de cabeça erguida”), que o homicídio “contaminou” a tese contra o estupro. De acordo com ele, não há prova que demonstre que o estupro ocorreu ou que tenha sido praticado por Dota.
— A defesa concordou com o homicídio, ele confessou, inclusive a juíza deu um pequeno atenuante pela confissão, prevista no artigo 65 do Código Penal. Acontece que o grande problema deste caso foi o estupro. A defesa não concorda com o estupro, porque ele foi condenado por ter introduzido ou o dedo no ânus da moça, ou um objeto contundente, ou uma chave de fenda, durante a briga com ela. Não havia como ele ter introduzido algo, até porque ela foi encontrada com as roupas compostas, com a roupa de academia pronta.
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O advogado voltou a dizer, como já fizera em plenário perante os jurados, que a lesão na região anal pode ter sido consequência da briga que Bianca e Sandro Dota teriam tido dentro da casa, inclusive rolando por uma escada, segundo a versão apresentada pelo réu. Nacif disse que o trabalho dos defensores é justamente buscar pela absolvição pelo estupro, em um recurso que inicialmente já teria sido pedido.
Contudo, Aryldo de Paula afirmou posteriormente que o recurso contra a condenação de Sandro Dota ainda será formulado e encaminhado à Justiça. A defesa ainda vai estudar quais serão as suas argumentações para pedir a anulação do júri ou algum tipo de revisão da pena, proferida pela juíza Fernanda Afonso de Almeida, da 4ª Vara do Júri.
— Agora vamos aguardar o prazo ser aberto para as razões de apelação. Vamos verificar ainda quais serão os argumentos apresentados. Por ora está muito recente, vamos sentar com a equipe, conversar e ver quais são os pontos essenciais.
Para Mauro Nacif, a pena mais justa para o motoboy seria de pelo menos 12 anos menos do que a aplicada.
— A pena justa seria, mais ou menos, uns 19 anos. O homicídio não há dúvida. A acusação disse que ele não confessou, mas como assim? Ele confessou sim.