Caso Bianca: satisfeita, acusação prevê que Dota ficará preso por até 12 anos

O promotor Nelson dos Santos Pereira Júnior se disse satisfeito com a decisão de condenar o motoboy Sandro Dota a 31 anos de prisão pela morte da universitária Bianca Consoli, em setembro de 2011. A sentença foi proferida pela juíza Fernanda Afonso de Almeida, da 4ª Vara do Júri, nesta terça-feira (17). Na visão da acusação, a Justiça foi feita. Antes do júri popular, a Promotoria apostava em uma pena de até 40 anos de cadeia.

— Nós estamos satisfeitos com o resultado. Foi feita justiça nesta data, o réu foi condenado pelos dois crimes. Foi uma batalha árdua da acusação, com a colaboração da nobre assistência e nós conseguimos mostrar aos jurados que a prova autorizava a condenar Sandro pelo homicídio e pelo estupro. Foi um excelente julgamento, os cidadãos que se sentaram ali perceberam que Sandro mentia, que ele articulava, que fazia manobras, e graças a Deus a justiça foi feita.

Pereira Júnior se mostrou incomodado apenas com o atenuante de três anos dado ao réu pela sua confissão do homicídio. Assim, a pena de 26 anos pelo assassinato de Bianca foi reduzida para 23 anos, enquanto a condenação pelo estupro ficou fixada em oito anos, totalizando os 31 anos da sentença final. A acusação vai estudar se irá recorrer ou não, tentando elevar a pena para 34 anos.

— No nosso entender não há confissão, há uma manobra, há uma versão para ajudar o réu, mas de qualquer forma vamos avaliar a sentença, nos deter melhor nos pontos. A doutora foi firme, considerou inclusive as consequências do crime para a família (da vítima) e isso foi muito importante. Foi uma sentença bastante elaborada, com bastante fundamento e, portanto, vamos nos debruçar para ver se há alguma necessidade de reparo, mas por hora estamos satisfeitos com a condenação.

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O promotor explicou ainda que Sandro Dota ficará preso entre dez e 12 anos antes de poder progredir de regime fechado para o semiaberto. Como o réu já está preso desde dezembro de 2011, tal pena será abatida na sentença aplicada nesta terça-feira no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. Todavia, o tempo de permanência preso pode ser maior.

—Ele terá que cumprir dois quintos da pena para ingressar no semiaberto, porque (ambos) os crimes são hediondos, então a grosso modo, sem uma conta mais rigorosa, acreditamos que mais dez, 12 anos de prisão. Mas evidentemente vai depender da conduta carcerária dele, nós temos que nos firmar que não é um cálculo numérico simplesmente, nós temos que buscar no processo de execução o mérito: será que uma pessoa merece, por si só, por um cálculo matemático, progredir de pena ou tem que merecer, por ter tido um comportamento adequado na cadeia? Mais isso é uma questão para o futuro. Esperamos sim que ele pague pelo que fez, proporcionalmente, em regime fechado, de acordo com a lei.

Abraçado com Marta Consoli, mãe de Bianca, o assistente de acusação Cristiano Medina, também advogado da família da vítima, descreveu que a sensação era “muito boa” com o resultado do julgamento, apesar do incômodo causado pelo atenuante concedido a Dota.

— A Justiça foi efetivamente feita, em que pese o fato de não concordarmos com a pena aplicada, com a redução aplicada, da confissão ser objeto de apelação da acusação. O nosso objetivo é que seja elevado em torno de três anos. De qualquer forma, a resposta foi dada pela sociedade, por unanimidade. É o que eu disse na minha explanação, que eu queria sair com essa sensação de que os sete jurados estavam ao nosso lado. É uma sensação muito boa de Justiça feita.