Caso Pesseghini: documento de perito do caso PC Farias indica que Marcelo se defendeu antes de morrer
Parecer Médico-Legal foi enviado por George Sanguinetti ao MP e ao TJ-SP no início deste mês
São Paulo|Do R7
Seis meses após a chacina da família Pesseghini, ocorrida no começo de agosto do ano passado na Vila Brasilândia, na zona norte de São Paulo, o delegado Itagiba Vieira Franco, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), declarou ao R7 que considerava esclarecidas as mortes de Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, de 13 anos, da cabo da Polícia Militar Andréia Bovo Pesseghini, do sargento da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Luiz Marcelo Pesseghini e da avó e tia-avó Bernardete Oliveira da Silva. De acordo com a polícia, Marcelo matou a família e se matou na sequencia.
No entanto, um Parecer Médico-Legal assinado pelo perito do caso PC Farias, George Sanguinetti, contesta essa conclusão. O documento foi enviado ao Ministério Público e ao Tribunal de Justiça de São Paulo direcionado aos responsáveis pela investigação do caso no dia 2 de fevereiro, segundo Sanguinetti. De acordo com o texto, Marcelo não só não teria sido responsável pelos crimes como teria sido assassinado também. O TJ confirmou a entrega do documento.
De acordo com o documento redigido pelo perito, ao qual o R7 teve acesso, "há erros inaceitáveis nos laudos cadavéricos realizados no IML de São Paulo". Além disso, ferimentos na mão, no punho e no antebraço esquerdos de Marcelo seriam "lesões de defesa, indicativas que a criança, antes de ser executada, tentou defender-se", o que reforça a tese de Sanguinetti de que Marcelo não se suicidou.
Em relação às feridas, o documento diz: "A perícia de local fotografou em vários ângulos, o corpo do menor Marcelo e mostram equimoses (ferida contusa, sinal que sofreu violência, que tentou uma defesa), na região palmar esquerda e ferida pérfurocortante no terço inferior do antebraço esquerdo, face interna, próximo ao punho. Transcrição do Atlas de Patologia Forense, G. Austin Gresham, professor de Morbid Anatomy, University of Cambridge: as lesões encontradas nas mãos, antebraços, de pretensos suicidas, tem um valor médico-legal muito grande, pois indicam o oposto, o homicídio; que a vítima esboçou um ato de defesa, antes de receber o tiro que a matou".
Entenda o caso da família morta na Vila Brasilândia
Novo pedido de prorrogação arrasta o término das investigações do caso Pesseghini
Sobre os erros nos laudos do IML, o parecer aponta inconsistência no horário das análises dos corpos. Segundo o documento, Andreia Regina Bovo Pesseghini foi submetida a exame necroscópico às 5h10 de 5 de agosto de 2013, data do crime. Porém, segundo o parecer, no laudo pericial do Instituto de Criminalística de São Paulo, há registro de que os peritos chegaram ao local às 19h58 do dia 5 e que só após as 23h houve a liberação dos corpos para serem removidos para o IML, não sendo possível, então, que o corpo de Andreia passasse por necropsia às 5h10.
Além disso, o perito contesta informações sobre o que o casal vestia no dia do crime. Segundo ele "quando os corpos foram encontrados e fotografados ,durante a perícia de local, era visível que estava de camisa", mas no exame do IML consta apenas que o PM estava de cueca e "isto constitui um erro na necropsia, no exame externo".