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De luto, camelôs não trabalham na Lapa nesta sexta-feira

Carlos Augusto Muniz Braga foi morto por policial militar com tiro na cabeça

São Paulo|Do R7

Na manhã desta sexta-feira (19), após um policial militar ter matado o camelô Carlos Augusto Muniz Braga, 30, durante a Operação Delegada na Lapa, na zona oeste de São Paulo, não havia comércio informal na rua 12 de Outubro. Várias viaturas e motocicletas da Polícia Militar faziam patrulha do início ao fim da via. Uma viatura também estava estacionada na esquina da rua 12 de Outubro com a rua Dronsfield, a poucos metros do local da morte de Braga.

Alguns camelôs foram ao local em que Braga foi morto, mas não levaram nenhum produto para vender. Apenas conversavam entre si e comentaram, revoltados, sobre o que aconteceu.

— Hoje não vamos trabalhar. Estamos de luto pelo nosso parceiro.

Mesmo com receio que haja outras confusões na 12 de Outubro, a maior parte das lojas abriram as portas nesta sexta-feira. O movimento, no entanto, é muito abaixo do comum, como afirma o gerente de uma loja de calçados, Fábio Gonçalves de Oliveira.


— Até agora, vendemos menos da metade do que costumamos vender.

Uma representante de uma loja de roupa relata que apenas trabalhadores do bairro estavam pelas ruas.


— Só quem apareceu foram os trabalhadores da região. Está todo mundo com medo.

Uma perfumaria em frente ao local do crime está fechada. Em intervalos de poucos minutos, viaturas da Força Tática da PM faziam uma ronda pela Doze de Outubro. Por volta das 10h, a reportagem contou a presença de 14 PMs do 4º Batalhão da PM e também da Força Tática para observar o movimento de pessoas.


Um vídeo obtido com exclusividade pelo Jornal da Record mostra o autor do disparo com um spray de pimenta na mão esquerda e uma arma na direita. Nas imagens é possível ver o camelô tentando arrancar o spray da mão do policial, que atirou na sequência. O vendedor ambulante ainda tentou sair correndo, mas caiu alguns metros depois.

Prisão

Em entrevista à Rádio Estadão, o comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira, admitiu que houve erro na ação que resultou na morte do vendedor ambulante. Segundo ele, as primeiras imagens de uma loja deixavam "dúvidas do momento do disparo", mas, ao analisar outros vídeos, o coronel concluiu que o PM se precipitou e disparou de forma equivocada.

O comandante-geral da PM negou que houve despreparo da corporação e ressaltou que, de todas as polícias militares do País, a que tem "melhor e mais longa formação" é a de São Paulo. "De um universo de 88 mil homens e mulheres, existem profissionais que erram. Não posso falar em despreparo, mas do erro de um policial", declarou.

A Operação Delegada é um convênio entre a PM e a Prefeitura para o combate do comércio irregular, no qual o policial trabalha no horário de folga na fiscalização de ambulantes. "É um trabalho justo, honesto e necessário diante da falta de fiscalização que existe", disse o coronel Meira.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP/SP) afirmou que o PM foi preso em flagrante na noite desta quinta-feira, 18, pelo batalhão a que pertence, o CPAM-5, e que foi igualmente autuado em flagrante pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) na madrugada desta sexta-feira.

O policial já está no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital paulista.

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) declarou que o caso é apurado tanto pela Corregedoria da PM quanto pela Polícia Civil e disse ainda que "não compactua com desvio de conduta de policiais".

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