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Defesa de suspeita por morte na Unicamp entra com pedido de habeas corpus

Advogado de Maria Teresa Peregrino diz que inquérito “fortalece tese de legítima defesa”

São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

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Denis Casagrande morreu durante festa na Unicamp; jovem Maria Teresa Peregrino é suspeita de ser a autora do crime
Denis Casagrande morreu durante festa na Unicamp; jovem Maria Teresa Peregrino é suspeita de ser a autora do crime

A defesa de Maria Teresa Peregrino, de 20 anos, entrou nesta quarta-feira (2) com um pedido de habeas corpus para libertar a jovem, suspeita de ser a autora do assassinato do estudante Denis Papa Casagrande, de 21, um uma festa no campus da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) no último dia 21 de setembro. Ela está presa na cadeia feminina de Paulínia, também no interior paulista.

Em entrevista ao R7, o advogado de Maria, Felipe Ballarin Ferraioli, disse que espera uma decisão da Justiça a respeito da liberdade da suspeita, que confessou o crime à polícia, mas alegou ter agido em legítima defesa. A tese segue sendo sustentada pelo defensor, que teve acesso ao inquérito e diz haver no documento indícios de que a versão da sua cliente parece crível.


— A tese de legítima defesa está ainda mais cristalina no inquérito. Os amigos da vítima relataram que ele havia ingerido bebida alcoólica, mais precisamente catuaba, e continuava bebendo na festa. Nenhum deles presenciou a briga, quando viram o tumulto e encontraram uma pessoa no chão, perceberam que era o Denis. Nenhuma dessas pessoas presenciou as agressões e a investida dele contra a Maria. Há testemunhas protegidas que corroboram a versão dela.

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O delegado Rui Pegolo, titular do Departamento de Homicídios da Polícia Civil de Campinas, espera concluir os trabalhos de investigação até a próxima sexta-feira (4). Até o momento, mais de 20 pessoas foram ouvidas pelos policiais, que indicam que Maria foi a responsável pela morte do estudante e autuaram o namorado dela, Anderson Mamede, de 20 anos, como coautor do assassinato. Ele também está preso preventivamente por 15 dias, porém admitiu apenas ter agredido Denis com um skate durante a confusão “causada pela vítima”, segundo ele.


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Felipe Ferraioli não vê elementos que justifiquem a permanência de Maria na prisão. Ele disse que sua cliente não conta com nenhuma passagem pela polícia e aproveitou para negar que ela teria se envolvido em uma briga, há dois meses, com outra menina de Campinas. Tal depoimento consta no inquérito relatado pela polícia até aqui.


— De fato tem a mãe de uma menina que falou essa briga, mas são pessoas que eu coloco como oportunistas, que viram o momento e pretendem prejudicar um desafeto. Ela relatou uma suposta agressão há dois meses, dizendo que a Maria teria agredido essa menina porque ela não quis dar dinheiro para comprar bebida, o que não corresponde à realidade. Essa pessoa disse ainda ter sofrido ruptura do tímpano, mas fica uma coisa desconexa, já que ela não procurou a polícia ou um hospital.

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O advogado da suspeita ainda confirmou que Maria faz parte de um grupo punk de Campinas, mas negou que ela, o namorado e amigos do casal estivessem na festa prontos para enfrentar desafetos, tampouco que ela fosse violenta. Ferraioli disse também não acreditar que os perfis que a sua cliente e o namorado possuíam nas redes sociais possam influir na decisão da Justiça acerca da liberdade dela.

A festa

Batizada de "Festival de Rádios Livres", a festa aconteceu no teatro de arena do Ciclo Básico e foi organizada pela Rádio Muda — rádio universitária que funciona dentro do campus. O evento, que contou com banda, estava marcado para as 23 h.

Segundo o parecer da Unicamp, por volta das 23 h, a vigilância interna da universidade chegou a acionar a Polícia Militar e a Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) por causa da invasão no campus por participantes da festa. Eles teriam avançado sobre as barreiras e vigilantes de duas guaritas. A informação foi confirmada em uma nota.

— Ambas as solicitações não foram atendidas, apesar da insistência da Vigilância Interna.

A PM informou que não houve chamado sobre festas no campus. A Emdec informou que a área dentro da universidade não é de competência da empresa.

Desde 2009, toda festa no campus está sujeita à autorização prévia da universidade, que disse não ter autorizado nem ter participação na rádio.

A universidade também informou que "não apoia e nem tem participação alguma na rádio que opera de forma clandestina e ilegal no campus". O comunicado ainda informa que "a Unicamp acompanha o andamento das providências tomadas pelo Ministério Público Federal, que instaurou Inquérito Civil Público para apurar as responsabilidades pela rádio e adotar as medidas cabíveis".

A Unicamp informou que apura o caso "e identificar os responsáveis pela festa realizada sem autorização da instituição bem como a participação de pessoas estranhas à comunidade acadêmica".

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