Defesa “ressuscita” caso Escola Base para tentar desqualificar acusação contra Gil Rugai
Jornalista Valmir Salaro prestou depoimento nesta quarta-feira
São Paulo|Ana Claudia Barros e Vanessa Sulina, do R7
Durante o depoimento do jornalista Valmir Salaro, que cobriu o caso de Gil Rugai na época do crime, a defesa do ex-seminarista “ressuscitou” o caso da Escola Base para tentar desqualificar a acusação contra Gil Rugai. Salaro falou por pouco mais de uma hora nesta quarta-feira (20) como testemunha de defesa no julgamento do jovem acusado de matar o pai e a madrasta e 2004.
O caso da Escola Base ficou conhecido nacionalmente por seis pessoas ligadas a uma escola terem sido incriminadas por terem cometidos crimes sexuais contra crianças, porém, foram absolvidas pela Justiça. O advogado de defesa, Thiago Anastácio, levantou este caso com a testemunha, já que, Salaro ganhou um prêmio jornalístico por ter colocado este suposto crime em repercussão nacional, na época.
— Errei em ter acreditado na polícia, na investigação policial. Quando a polícia diz que é assassino eu vejo sempre como suspeito.
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Salaro, da TV Globo, também foi questionado sobre a reportagem que fez na época do crime em que diz que policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) teriam colocado fogo na guarita do vigia que trabalhava na rua onde o crime aconteceu.
Segundo ele, duas autoridades ligadas à área do crime lhe passaram esta informação na época. Ainda de acordo com o jornalista, a corregedoria da polícia também disse que foi aberta uma sindicância para apurar o que aconteceu. Esta investigação nunca foi encontrada.
Relembre o caso
O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo no dia 28 de março de 2004.
Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.
O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.
Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.
Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontraram no quarto do rapaz, um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.
As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.
Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.
Rugai responde pelo crime em liberdade e é julgado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe.