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“Estado de SP teria evitado escândalo do metrô se tivesse controladoria”, diz Haddad

Prefeito da capital paulista exalta modelo e aborda principais tópicos em entrevista

São Paulo|Do R7

Haddad pontuou as principais discussões de momento na cidade
Haddad pontuou as principais discussões de momento na cidade

O prefeito de São Paulo Fernando Haddad disse na manhã desta quarta-feira (22) que o escândalo envolvendo um cartel no metrô do Estado poderia ter sido evitado se houvesse uma controladoria, nos moldes da CGM (Controladoria Geral do Município), atuando junto ao governo estadual. A declaração de Haddad foi feita em entrevista à rádio CBN.

De acordo com o prefeito da capital, a ação da CGM, iniciada em 2013 por iniciativa de Haddad, tem a prerrogativa de investigar o Poder Executivo em geral, cruzando dados de todos os servidores públicos. Foi isso que permitiu a descoberta da chamada Máfia do ISS na cidade, que causou um rombo estimado em R$ 500 milhões.

Para Haddad, se um órgão como esse existisse no governo do Estado, seria possível que o grupo que é investigado por receber propinas de empresas que atuaram em licitações de metrô e trens nos últimos quatro governos do PSDB em São Paulo, não tivesse tido sucesso.

— A CGM, por lei, investiga o Poder Executivo em geral. Nem o governo do Estado tem uma controladoria. Acho que se tivesse uma, teria evitado o escândalo do metrô, analisando as contas de servidores.


Na mesma entrevista à CBN, Haddad falou sobre outros temas que vêm movimentando a vida do paulistano nas últimas semanas, como os rolezinhos, as ações na Cracolândia, e até mesmo se o parque Augusta sairá do papel após ter sido sancionado. O R7 compilou os principais pontos. Acompanhe:

Cracolândia


O prefeito fez uma avaliação positiva do trabalho que está sendo conduzido na Cracolândia, no centro da cidade. Ele afirmou que está sendo utilizada “uma nova metodologia” para abordar o tema, adotando políticas de saúde pública e de combate ao narcotráfico. Haddad disse que o custo é baixo, se comparado com as internações compulsórias, e que pode servir de modelo para atacar o problema das drogas em outros pontos de São Paulo.

— O próximo ponto seria o Parque Dom Pedro, onde há mais ou menos o mesmo tanto (de pessoas), talvez um pouco mais. Mas ali é diferente porque você não tem apenas dependentes químicos, você tem famílias também. Mas o método é o mesmo, oferecendo moradia, emprego e tratamento. A saúde vai assumir cada vez mais relevante no processo.


Rolezinhos

Haddad voltou a enfatizar o diálogo do governo municipal com as comunidades da periferia e considerou “exagerada” a reação dos shoppings contra os chamados rolezinhos. O prefeito acredita que é desnecessário impedir a entrada de jovens em shoppings e reafirmou o compromisso da prefeitura em ceder CDCs (Clubes da Comunidade) como espaços públicos alternativos.

— Eles (jovens) querem se divertir. Destacamos três secretários para conversar com eles, o que rendeu entendimento. Não é o caso de trocar (shopping por CDC), porque não podem frequentar os shoppings? Se for pactuado, respeitando o espaço e as pessoas, porque não? Estamos iluminando os CDCs a os abrindo 24 horas. É um espaço para eles se divertirem, acomodando interesses.

Controlar

A informação de que a Controlar, empresa responsável pela inspeção veicular na cidade, irá à Justiça para manter o serviço após o fim deste mês não mudou os planos da prefeitura. A estimativa de Haddad é modificar o modelo atual, com a licitação podendo ocorrer no mês de maio deste ano com as empresas interessadas.

— Não queremos inspecionar carros novos. É dever da montadora zelar pelos primeiros três anos, como é em todos os países. Vou reduzir 60% dos carros inspecionados, então não precisaremos do ano todo para isso (...). Já tivemos a audiência pública, acho possível (a licitação) em maio.

Ele ainda atacou os críticos à mudança no modelo atual, que inspeciona todos os veículos licenciados na capital.

— Nós vamos reduzir a inspeção a um terço da frota. O prejuízo da cidade se dá em perder frota para outros municípios, com carros licenciados em outras cidades rodando aqui. A maior preocupação deveria ser com uma inspeção veicular estadual. Parece que ambientalista só olha para a cidade e não para o Estado.

Kassab

O prefeito de SP procurou não se estender quando o tema foi a investigação em torno do ex-prefeito da cidade, Gilberto Kassab (PSD), encabeçada pelo MP (Ministério Público) e que apura se ele recebeu propina da Controlar, empresa responsável pela inspeção veicular na capital. Segundo Haddad, os dados colhidos acerca de Kassab por parte da CGM, seja nesse caso ou na citação dele nos trabalhos da Máfia do ISS, estão sendo repassados.

— Quando é um ex-agente público, a investigação é do MP. Todas as informações de quem não está mais na prefeitura são remetidas ao MP. Essa investigação (sobre Kassab) é um desdobramento daquela feita pela CGM (sobre os fiscais do ISS).

Em outro trecho da entrevista, questionado sobre a sensação de que a cidade anda mais suja do que deveria, com muito lixo nas ruas, Haddad voltou a mencionar a gestão anterior, justamente de Kassab.

— Na coleta de lixo os indicadores também melhoraram, mas tenho dúvida sobre varrição na cidade. No fim da gestão passada foi feito um mega contrato com duas empresas, válido até o final desse ano. Estamos avaliando se está dando certo ou não. Temos que lembrar que esse é um resíduo produzido pelo cidadão, é outra coisa, é aquele lixo que se joga na rua. Estou acompanhando com muita atenção o que está sendo feito no Rio (multa para quem joga lixo na rua), pode ser sugestão para São Paulo, estamos estudando (...). São 4.000 pontos viciados na cidade, já apreendemos mais de 20 caminhões despejando lixo pela cidade.

Transporte público

Haddad revelou que a Prefeitura de São Paulo está em fase final para concluir uma licitação que vai contratar “a melhor empresa do mundo” para abrir os contratos do governo municipal com as empresas que prestam o serviço de transporte coletivo na capital. De acordo com ele, quatro empresas, algumas delas internacionais, estão no páreo, porém o processo pode levar ainda alguns meses para ser concluído.

Perda de dinheiro e corredores

A meta de construir 150 km de corredores de ônibus (aqueles à esquerda, com pontos de ultrapassagem) até 2016, quando termina o seu mandato, segue nos planos de Haddad. Nem mesmo o pedido do TCM (Tribunal de Contas do Município) de esclarecimentos, que barrou o andamento de licitações para novos corredores, deve atrasar os planos do governo municipal.

— Já temos 37 km de corredores em execução. Licitamos outros 70 km, estamos concluindo mais de 30 km no viário sul, na região da M Boi Mirim, e temos 120 km que o TCM pediu informações para liberar.

A falta de dinheiro, porém, pode ser um entrave.

— (O investimento ) e da ordem de R$ 5 bilhões, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem esse dinheiro. O nosso problema é com a perda de receita. Faltará dinheiro para a contrapartida, para as desapropriações. Perdemos muito dinheiro para essas contrapartidas (sem o aumento do IPTU), o dinheiro federal depende disso. É isso que o cidadão às vezes tem dificuldade de compreender. É prejuízo para a cidade, as parcerias se tornam inviáveis.

Táxi

Haddad não adiantou se os táxis serão proibidos de circular também nos corredores de ônibus. Nas faixas exclusivas eles já não podem transitar, e há estudos que apontam para um ganho de velocidade dos coletivos também nos corredores, caso os táxis sejam banidos deles. O prefeito preferiu contemporizar, dizendo que o assunto “ainda está em estudo” e que não há uma decisão definitiva.

— A discussão está sendo feita. Há um estudo que aponta que a proibição de táxis em alguns corredores daria um ganho de velocidade muito grande, enquanto o ganho seria pequeno em outros. Há uma discrepância. Falei para isso ser levado ao conselho de transportes e eles pediram mais tempo. Na minha opinião, corredor deveria ser exclusivo para ônibus, já não faixa não há só ônibus, então não sei.

Parque Augusta

Mesmo tendo sancionado a lei que cria o Parque Augusta, Haddad não soube precisar quando e como o parque sairá do papel. Ele adiantou, porém, que a desapropriação da área ainda depende de uma confluência de fatores. A solução mais imediata seria a cessão de 20% da área para duas incorporadoras que querem erguer empreendimentos no local, com os demais 80% recebendo o parque. A medida desagrada ativistas e moradores da região.

— A discussão hoje é se o parque vai ocupar 80% ou 100% do terreno. Será público de todo o jeito. Se for 80%, ele vem de graça para a cidade. Vários vereadores me procuraram quando fui sancionar a lei, mas agora eles abriram a discussão na Câmara, já que não há orçamento para adquirir a área. A estimativa é de R$ 100 milhões para a compra e não temos esse dinheiro. Então essa é a discussão, os vereadores estão ponderando e as duas propostas são boas. É que uma seria imediata e a outra não.

Cine Belas Artes

O prefeito ainda falou da notícia de reabertura do Cine Belas Artes, possível graças a um aporte financeiro por parte da Caixa Econômica Federal. Além de dar nome ao retorno do cinema, um dos polos culturais e artísticos mais reconhecidos da capital, a Caixa vai auxiliar a prefeitura na implementação da SP Cine, cedendo uma faixa para exibição de produções financiadas pelo governo.

— O Juca Ferreira (secretário de Cultura) fez uma golaço ao convencer a Caixa a dar o seu nome ao cinema. Será agora Cine Caixa Belas Artes, como um naming rights, bancando o patrocínio. A prefeitura só vai ganhar. Ele intermediou o acordo e teremos o direito a uma faixa de exibição. Os filmes que a SP Cine patrocinar e financiar terão reserva para serem exibidos lá.

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