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Fiscais suspeitos de corrupção na Prefeitura de São Paulo podem perder flats 

Ministério Público pediu nesta sexta-feira o sequestro dos imóveis

São Paulo|Fernando Mellis, do R7

Imóvel fica na rua Bela Cintra, endereço nobre de São Paulo
Imóvel fica na rua Bela Cintra, endereço nobre de São Paulo Imóvel fica na rua Bela Cintra, endereço nobre de São Paulo

O Ministério Público de São Paulo pediu nesta sexta-feira (22) o sequestro de três flats na rua Bela Cintra, na Consolação, centro da capital, comprados pelo empresário Marco Aurélio Garcia — irmão do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia — e repassados a três fiscais suspeitos de corrupção na prefeitura. Segundo o promotor Roberto Bodini, há indícios de que os imóveis foram adquiridos com dinheiro desviado dos cofres públicos. A Justiça deve decidir na semana que vem se acata o pedido.

Bodini recebeu na quinta-feira (21) a lista de compradores do empreendimento. Lá constavam três unidades adquiridas por Garcia. Ele teria usado contratos de gaveta para vender os imóveis aos fiscais Ronilson Bezerra Rodrigues, Eduardo Horle Barcellos e Fábio Camargo Remesso.

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Em depoimento, Barcellos disse que a unidade dele custou R$ 389 mil. O promotor deduz que esse tenha sido o valor médio pago por cada apartamento. A investigação quer descobrir agora se as transferências de dinheiro feitas por Rodrigues ao empresário foram para a compra do imóvel. Na quebra de sigilo bancário do servidor, foi constatado que ele transferiu, por duas vezes, quantias entre R$ 75 mil e R$ 85 mil a Garcia.

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Ronilson Bezerra Rodrigues era subsecretário da Receita Municipal na gestão Kassab. Segundo o depoimento de Barcellos, ele era a pessoa mais ligada ao empresário Marco Aurélio Garcia, responsável por alugar a sala usada pelo grupo para articular o esquema de desvio de dinheiro. O imóvel foi cedido gratuitamente em junho.

As transferências de dinheiro, os contratos de gaveta, a cessão da sala, entre outros indícios levaram o Ministério Público a considerar Garcia investigado por lavagem de dinheiro. Ainda não foi definido quando o empresário será ouvido pela Promotoria. Segundo Bodini, a prioridade é analisar os documentos apreendidos para depois intimar quem for necessário.

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Entenda o caso

O cruzamento de dados envolvendo a declaração de bens de servidores da Prefeitura de São Paulo e os rendimentos de cada um deles passou a ser feito por meio de um sistema informatizado a partir do início deste ano, com a criação da CGM (Controladoria Geral do Município). Por meio disso, foram detectadas suspeitas de enriquecimento ilícito por parte de quatro servidores públicos e desencadeassem a investigação do Ministério Público e da Polícia Civil.

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As investigações apontaram o envolvimento dos servidores — todos concursados — com o desvio de pelo menos R$ 200 milhões entre outubro de 2010 e janeiro de 2013, quando três deles foram exonerados dos cargos comissionados que possuíam, por indicação do ex-secretário de Finanças, Mauro Ricardo Costa. Se levado em conta o período em que o grupo detido atuava, desde 2007, o rombo pode alcançar os R$ 500 milhões, segundo o MP.

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O promotor Roberto Bodini, explicou detalhadamente como funcionava o esquema, de acordo com o que foi investigado até aqui.

— Ao final da obra, as incorporadoras submetem ao poder público as notas fiscais, para que sejam feitos os eventuais cálculos do resíduo do ISS [Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza]. Essas notas fiscais eram recolhidas pelo departamento da prefeitura, operado por esses investigados, e eles faziam um cálculo, chegando a um número real ou irreal. Em cima desse número, eles exigiam que a empresa, ao invés de pagar ou recolher 100% da guia para a prefeitura, fizesse o pagamento de parte desse valor para uma empresa que foi constituída em nome de um dos fiscais e sua esposa na época, e em nome da prefeitura era recolhida uma ínfima quantia, perto do valor depositado para essa empresa [do fiscal].

As investigações seguem em andamento e não está descartado o envolvimento de outros servidores públicos no esquema de corrupção. A prefeitura investiga 13 pessoas. 

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