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Por dentro da ocupação: veja como vivem as 1.800 famílias acampadas próximo ao estádio do Corinthians

Liderado pelo MTST, grupo pede moradia popular após especulação imobiliária na região

São Paulo|Do R7

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Desde a madrugada do último sábado (3), um terreno particular na rua Malmequer do Campo, região do Parque do Carmo, zona leste de São Paulo, se transformou em uma gigantesca comunidade. Atualmente, 1.800 famílias vivem em barracas de lona instaladas no local e outras 2.000 devem chegar ainda nesta semana. Longe de ser uma bagunça pelo grande número de pessoas, o acampamento tem regras rígidas e uma rotina pautada na ideia de coletividade. A reportagem do R7 visitou a ocupação na manhã de terça-feira (6) e conversou com acampados. Veja a seguir como essas pessoas estão vivendo Reportagem: Amanda Mont'Alvão Veloso, do R7
As famílias estão proibidas de usar bambu ou galhos de árvores. Para montar as barracas, elas devem usar pedaços de madeira
O déficit habitacional no Brasil ainda é bastante elevado. De acordo com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2012, faltavam cerca de 5,24 milhões de habitações no País, apesar dos fortes investimentos em programas de moradia popular nos últimos anos
O acampamento possui uma cozinha comunitária apenas. A ideia é que, com a divisão por área, cada setor terá uma cozinha e um banheiro
A cozinha comunitária concentra boa parte das famílias, em horários variados. Na foto acima, Maria Madalena Sales posa na cozinha comunitária
Sueli Gomes da Silva é uma das coordenadoras do acampamento. Ela trabalha na cozinha comunitária, e explica que o movimento realizou uma assembleia nessa semana, na qual foram pedidas doações. — Estamos recebendo alimentos, produtos de limpeza, bacias para o banheiro e papel higiênico
Carla Alves Leite, 39 anos, estava cozinhando arroz quando a reportagem chegou. É proibido utilizar gás de cozinha no acampamento; os coordenadores recomendam que se faça um buraco no chão na hora de fazer a fogueira. Ela mora de favor e veio com a filha para o terreno. — Tenho esperança de que o prefeito vai se sensibilizar
O banheiro, dividido em feminino e masculino, é improvisado, uma vez que os vasos sanitários ainda não foram instalados
Muitas crianças estavam presentes no acampamento pela manhã. R.N.S., de oito anos, estuda à tarde, e passou o período livre ajudando a montar o barraco da família. — Gosto daqui. Fico aqui trabalhando. Quero ser policial quando crescer
O técnico em informática Robson Gonçalves Batista, 28 anos, é integrante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) há seis meses. Ele percebeu que o movimento precisava de pessoas que coordenassem o acampamento. — Também estou na luta por uma moradia
O porteiro aposentado Pedro Valcacio Melo, 81 anos, mora, há 20 anos, em um barraco próximo ao terreno ocupado. Ele, a filha e o sobrinho estão no acampamento Copa do Povo desde o sábado. — O barraco que alugo fora daqui é muito caro
Na última segunda-feira (5), o prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que "é possível" transferir a área invadida pelo MTST  para a Prefeitura de São Paulo construir habitação popular
Segundo o prefeito, a administração vai apurar a situação fiscal do terreno, quem é o proprietário, se ele deve para a prefeitura e se a área é passível para a construção de moradia
Algumas barracas já possuem colchões, mas muitas famílias entrevistadas disseram preferir voltar para suas casas para dormir. O acampamento ainda não tem energia elétrica e os coordenadores proíbem fiações clandestinas para não ter risco de incêndio
Rosana Lima veio com a mãe, Brasília, de uma casa próxima ao shopping Anália Franco, na zona leste, onde moram há 36 anos. — Estão querendo nos tirar de lá, despejar todo mundo. Pagamos R$ 490 por um quarto com cozinha e banheiro. Rosana estava com a filha, Mayara, de dois anos. — É Mayara com "y". Sou chique, bem!
No acampamento, é comum ver famílias inteiras dentro de um só barraco. Fátima de Sousa (de calça roxa) foi com os primos para a Copa do Povo. — Nosso aluguel custa R$ 550
As cunhadas Aparecida (à esq.) e Vanessa posam com o garotinho Wallace, de um ano e oito meses
O terreno tem um aspecto abandonado e acumula bastante entulho, além de ser próximo ao Parque do Carmo. Um morador exibia uma aranha que ele tinha acabado de capturar. — Essa daqui é pequenininha. De sábado pra cá, já matamos três cobras
Valdirene de Oliveira Cardoso, a Tuca, tem 41 anos e está afastada do trabalho por problema de circulação nas pernas. Ela recebe auxílio do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e sobrevive com um salário mínimo. Além dela, foram para a Copa do Povo os irmãos, os filhos e os sobrinhos. — O aluguel do barraco onde moro subiu muito. Acho boa a ideia do Feirão da Caixa, mas não é todo mundo que consegue dar uma boa entrada para comprar a casa própria. Tuca gosta de cozinhar e serve café para os "vizinhos". — Batizamos esse nosso pedaço aqui de "Vila da União"
O irmão de Tuca, Valter de Oliveira Cardoso, tem 39 anos e está desempregado. Ele foi para o acampamento por causa do aluguel caro. — Meu aluguel passou de R$ 300 para R$ 450 por causa da construção do Itaquerão
Sidelice José Ferreira, 73 anos, mora a poucos metros em uma casa sem documentação, e foi ele quem teve que pedir energia elétrica e água para a região. Ele e a filha Luci, que o acompanha no terreno, sonham com um teto oficial, com documento.  — Estamos esperançosos
A ocupação é liderada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e foi batizada de Copa do Povo, já que o terreno, de 150 mil m², fica a menos de 4 km do Itaquerão, estádio onde acontecerá a abertura da Copa do Mundo
O terreno é uma propriedade particular, e, segundo os ocupantes, está abandonado há mais de 20 anos. Segundo nota publicada na página do movimento no Facebook, o abandono da área é uma demonstração de que os investimentos da Copa na região não atenderam àqueles que mais precisam
Ainda segundo a publicação, o movimento justifica que, enquanto foi gasto mais de R$ 1 bilhão no estádio, milhares de famílias não têm acesso à moradia em Itaquera
O movimento relata também que as famílias que estão ocupando o terreno estavam vivendo em áreas de risco, favelas ou sem condições de pagar aluguel por conta da especulação imobiliária que teve início com a construção do estádio
Pacífico, o começo da ocupação foi acompanhado pela Polícia Militar. Segundo a organização, as famílias chegaram em 15 ônibus e cerca de 30 veículos
Quando a reportagem subia o morro para ir embora, um rapaz chamou para tirar uma foto. — Ô moça, olha aqui. É "nóis"!

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Desde a madrugada do último sábado (3), um terreno particular na rua Malmequer do Campo, região do Parque do Carmo, zona leste de São Paulo, se transformou em uma gigantesca comunidade. Atualmente, 1.800 famílias vivem em barracas de lona instaladas no local e outras 2.000 devem chegar ainda nesta semana. Longe de ser uma bagunça pelo grande número de pessoas, o acampamento tem regras rígidas e uma rotina pautada na ideia de coletividade. A reportagem do R7 visitou a ocupação na manhã de terça-feira (6) e conversou com acampados. Veja a seguir como essas pessoas estão vivendo Reportagem: Amanda Mont'Alvão Veloso, do R7
As famílias estão proibidas de usar bambu ou galhos de árvores. Para montar as barracas, elas devem usar pedaços de madeira
O déficit habitacional no Brasil ainda é bastante elevado. De acordo com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2012, faltavam cerca de 5,24 milhões de habitações no País, apesar dos fortes investimentos em programas de moradia popular nos últimos anos
O acampamento possui uma cozinha comunitária apenas. A ideia é que, com a divisão por área, cada setor terá uma cozinha e um banheiro
A cozinha comunitária concentra boa parte das famílias, em horários variados. Na foto acima, Maria Madalena Sales posa na cozinha comunitária
Sueli Gomes da Silva é uma das coordenadoras do acampamento. Ela trabalha na cozinha comunitária, e explica que o movimento realizou uma assembleia nessa semana, na qual foram pedidas doações. — Estamos recebendo alimentos, produtos de limpeza, bacias para o banheiro e papel higiênico
Carla Alves Leite, 39 anos, estava cozinhando arroz quando a reportagem chegou. É proibido utilizar gás de cozinha no acampamento; os coordenadores recomendam que se faça um buraco no chão na hora de fazer a fogueira. Ela mora de favor e veio com a filha para o terreno. — Tenho esperança de que o prefeito vai se sensibilizar
O banheiro, dividido em feminino e masculino, é improvisado, uma vez que os vasos sanitários ainda não foram instalados
Muitas crianças estavam presentes no acampamento pela manhã. R.N.S., de oito anos, estuda à tarde, e passou o período livre ajudando a montar o barraco da família. — Gosto daqui. Fico aqui trabalhando. Quero ser policial quando crescer
O técnico em informática Robson Gonçalves Batista, 28 anos, é integrante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) há seis meses. Ele percebeu que o movimento precisava de pessoas que coordenassem o acampamento. — Também estou na luta por uma moradia
O porteiro aposentado Pedro Valcacio Melo, 81 anos, mora, há 20 anos, em um barraco próximo ao terreno ocupado. Ele, a filha e o sobrinho estão no acampamento Copa do Povo desde o sábado. — O barraco que alugo fora daqui é muito caro
Na última segunda-feira (5), o prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que "é possível" transferir a área invadida pelo MTST  para a Prefeitura de São Paulo construir habitação popular
Segundo o prefeito, a administração vai apurar a situação fiscal do terreno, quem é o proprietário, se ele deve para a prefeitura e se a área é passível para a construção de moradia
Algumas barracas já possuem colchões, mas muitas famílias entrevistadas disseram preferir voltar para suas casas para dormir. O acampamento ainda não tem energia elétrica e os coordenadores proíbem fiações clandestinas para não ter risco de incêndio
Rosana Lima veio com a mãe, Brasília, de uma casa próxima ao shopping Anália Franco, na zona leste, onde moram há 36 anos. — Estão querendo nos tirar de lá, despejar todo mundo. Pagamos R$ 490 por um quarto com cozinha e banheiro. Rosana estava com a filha, Mayara, de dois anos. — É Mayara com "y". Sou chique, bem!
No acampamento, é comum ver famílias inteiras dentro de um só barraco. Fátima de Sousa (de calça roxa) foi com os primos para a Copa do Povo. — Nosso aluguel custa R$ 550
As cunhadas Aparecida (à esq.) e Vanessa posam com o garotinho Wallace, de um ano e oito meses
O terreno tem um aspecto abandonado e acumula bastante entulho, além de ser próximo ao Parque do Carmo. Um morador exibia uma aranha que ele tinha acabado de capturar. — Essa daqui é pequenininha. De sábado pra cá, já matamos três cobras
Valdirene de Oliveira Cardoso, a Tuca, tem 41 anos e está afastada do trabalho por problema de circulação nas pernas. Ela recebe auxílio do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e sobrevive com um salário mínimo. Além dela, foram para a Copa do Povo os irmãos, os filhos e os sobrinhos. — O aluguel do barraco onde moro subiu muito. Acho boa a ideia do Feirão da Caixa, mas não é todo mundo que consegue dar uma boa entrada para comprar a casa própria. Tuca gosta de cozinhar e serve café para os "vizinhos". — Batizamos esse nosso pedaço aqui de "Vila da União"
O irmão de Tuca, Valter de Oliveira Cardoso, tem 39 anos e está desempregado. Ele foi para o acampamento por causa do aluguel caro. — Meu aluguel passou de R$ 300 para R$ 450 por causa da construção do Itaquerão
Sidelice José Ferreira, 73 anos, mora a poucos metros em uma casa sem documentação, e foi ele quem teve que pedir energia elétrica e água para a região. Ele e a filha Luci, que o acompanha no terreno, sonham com um teto oficial, com documento.  — Estamos esperançosos
A ocupação é liderada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e foi batizada de Copa do Povo, já que o terreno, de 150 mil m², fica a menos de 4 km do Itaquerão, estádio onde acontecerá a abertura da Copa do Mundo
O terreno é uma propriedade particular, e, segundo os ocupantes, está abandonado há mais de 20 anos. Segundo nota publicada na página do movimento no Facebook, o abandono da área é uma demonstração de que os investimentos da Copa na região não atenderam àqueles que mais precisam
Ainda segundo a publicação, o movimento justifica que, enquanto foi gasto mais de R$ 1 bilhão no estádio, milhares de famílias não têm acesso à moradia em Itaquera
O movimento relata também que as famílias que estão ocupando o terreno estavam vivendo em áreas de risco, favelas ou sem condições de pagar aluguel por conta da especulação imobiliária que teve início com a construção do estádio
Pacífico, o começo da ocupação foi acompanhado pela Polícia Militar. Segundo a organização, as famílias chegaram em 15 ônibus e cerca de 30 veículos
Quando a reportagem subia o morro para ir embora, um rapaz chamou para tirar uma foto. — Ô moça, olha aqui. É "nóis"!

Desde a madrugada do último sábado (3), um terreno particular na rua Malmequer do Campo, região do Parque do Carmo, zona leste de São Paulo, se transformou em uma gigantesca comunidade. Atualmente, 1.800 famílias vivem em barracas de lona instaladas no...

Desde a madrugada do último sábado (3), um terreno particular na rua Malmequer do Campo, região do Parque do Carmo, zona leste de São Paulo, se transformou em uma gigantesca comunidade. Atualmente, 1.800 famílias vivem em barracas de lona instaladas no local e outras 2.000 devem chegar ainda nesta semana. Longe de ser uma bagunça pelo grande número de pessoas, o acampamento tem regras rígidas e uma rotina pautada na ideia de coletividade. A reportagem do R7 visitou a ocupação na manhã de terça-feira (6) e conversou com acampados. Veja a seguir como essas pessoas estão vivendo Reportagem: Amanda Mont'Alvão Veloso, do R7

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