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Greve do metrô será mantida até fim de assembleia, diz sindicato

Reunião da categoria para decidir futuro da paralisação acontece na tarde deste domingo

São Paulo|Vanessa Beltrão, do R7

Justiça determinou retorno imediato dos grevistas e reajuste salarial de 8,7% para os metroviários
Justiça determinou retorno imediato dos grevistas e reajuste salarial de 8,7% para os metroviários

Após o anúncio da decisão da Justiça em relação à greve do metrô, o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres, afirmou que os trabalhadores não iriam retornar imediatamente como determinou o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região neste domingo (8).

— O Tribunal está tão intransigente quanto o Governo.

De acordo com Prazeres, a paralisação está mantida até a realização de uma nova assembleia com a categoria, que acontece nesta tarde. Na reunião, os trabalhadores definirão os rumos da greve.

A Justiça atendeu ao pedido do Metrô e considerou abusiva a greve dos metroviários e dos engenheiros. O tribunal também determinou um reajuste salarial de 8,7% para os metroviários. Esse era o aumento proposto pelo Metrô e que havia sido recusado pelos trabalhadores que pretendiam um aumento de dois dígitos. No entanto, hoje os funcionários pediram que o tribunal não considerasse um valor menor do que este.


Segundo Altino, esse reajuste de 8,7% ainda não agrada.

— 8,7% dificilmente vão aceitar.


Caso engenheiros e metroviários não retornem ao trabalho, os sindicatos terão que pagar multa de R$ 500 mil por dia. O montante será doado ao Hospital do Câncer de São Paulo.

"Desse horário do julgamento em diante as partes estão cientes: vamos computar R$ 500 mil por dia", explica o relator e desembargador do caso, Rafael Pugliese.


As duas categorias já foram penalizadas com uma multa de R$ 100 mil por dia, que hoje já chega ao montante de R$ 400 mil (quatro dias de greve), pela paralisação ter sido considerada abusiva.

De acordo com a Justiça, a punição aconteceu pois os trabalhadores teriam descumprido a liminar concedida pela desembargadora Rilma Aparecida Hemetério que obrigava os funcionários a manter 100% do quadro durante os horários de pico e 70% nos demais. O valor total será revertido ao Hospital do Câncer de São Paulo.

Em sua decisão, o relator Rafael Pugliese ressaltou que oficiais de Justiça constataram que das 59 estações do metrô, menos de 50% estavam funcionando.

— O sistema não funcionou 100% durante a greve. O serviço do metrô mostrou-se insatisfeito.

Ele também afirmou que se trata da “greve mais longa da história do metrô”.

— A região metropolitana de São Paulo viveu um dos maiores transtornos dos últimos tempos.

Pugliese ainda ressaltou que a paralisação “nos serviços essenciais obriga que os serviços indispensáveis não sejam completamente afetados”.

— A greve tem um preço que é pago por todos, mas a conta mais alta é paga pela população. É abusiva a greve se não são assegurados os serviços básicos.

Para o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo, a categoria está sendo impedida de ter o seu direito.

— Qualquer outra categoria que for fazer uma greve, dizer que tem que trabalhar no horário normal, isso não é greve.

Melo ainda chegou a comentar que teme demissões.

— A classe trabalhadora tem receio, sim. O único que pode perder dia, emprego, são os trabalhadores.

O Sindicato também afirmou que irá recorrer das multas. Segundo o desembargador Pugliese, as decisões judiciais estão sujeitas a recurso, mas os trabalhadores têm que cumprir a ordem de retorno determinada hoje, sob pena de multa diária de R$ 500 mil.

Outras decisões

A Justiça determinou o valor do vale-refeição em R$ 669,16 e o vale-alimentação em R$ 290 tanto para metroviários quanto engenheiros. O salário normativo do engenheiro também foi determinado em R$ 6.154. O tribunal também decidiu que os dias parados serão descontados do salário dos trabalhadores.

A paralisação começou na última quinta-feira (5) e a estimativa é que tenha afetado 4,5 milhões de passageiros — essa é a estimativa do número total de usuários mencionada pelo Metrô, em nota, após o anúncio da paralisação.Por causa da greve, o rodízio foi suspenso na capital paulista na quinta-feira (5) e sexta-feira (6). Com isso, a cidade registrou sucessivos recordes de congestionamento no período da manhã. Grevistas fizeram piquetes em estações como Ana Rosa, Paraíso e Bresser-Mooca para impedir a entrada de funcionários. Na quinta-feira, um desses piquetes terminou em confronto com a PM (Polícia Militar). Ao menos duas pessoas ficaram feridas e outra pessoa foi presa. 

Desde o início da greve, o funcionamento do metrô é parcial. As linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha são as mais afetadas. Na linha 5-Lilás, a operação tem começado com atraso, mas todas as estações são abertas. A linha 4-Amarela não está em greve, pois é privada e o quadro de funcionários é diferente das outras linhas do metrô. Neste domingo, esta linha fechou duas estações, mas para obras. 

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