Haddad admite que remoção de favela na Cracolândia pode ter problemas
Ação envolvendo seis secretarias municipais começa na quarta-feira
São Paulo|Do R7
A nova tentativa da Prefeitura de São Paulo de resolver o problema das drogas e dos moradores de rua na Cracolândia, centro de São Paulo, poderá enfrentar problemas no início, segundo o prefeito Fernando Haddad. A ação, que envolve seis secretarias, começa na quarta-feira (15).
— Não sei quais problemas vão advir dessa iniciativa, mas eles ocorrerão e nós estaremos um acompanhamento fino, um monitoramento diário para ir cobrindo as eventuais deficiências dessa iniciativa inédita. Nós vamos apreender com ela. Ela não vai nascer perfeita.
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Entre as medidas previstas estão a retirada das barracas que formaram uma espécie de favela na região e o tratamento dos dependentes químicos que vivem lá. Para isso, a prefeitura vai oferecer emprego em troca de moradia, alimentação e transporte.
— Eles [dependentes químicos] iniciam o trabalho de limpeza pública ainda essa semana, provavelmente até sexta-feira, serão uniformizados pelo programa, receberão orientação profissional pelo programa. Além do alojamento e da alimentação, eles vão receber um valor em espécie por dia trabalhado, na ordem de R$ 15.
O prefeito já disse que entre 70 e 80 alojamentos já estarão disponíveis em diversos pontos da cidade para abrigar quem for retirado das barracas da Cracolândia. Os inscritos no programa trabalharão quatro horas diárias e terão que passar por tratamento. Haddad acrescentou que aqueles que não conseguirem poderão ser internados. O Estado disponibilizou 500 leitos.
— No caso de a pessoa não conseguir se superar nos primeiros dias, ela terá condição de buscar o tratamento e se reinserir no programa.
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A ação municipal acontece dois anos após a operação policial na Cracolândia que causou polêmica. Na época, o governo reforçou o efetivo no local para prender traficantes de drogas. Além disso, agentes da saúde avaliavam casos de usuários e a Justiça definia se havia necessidade de internação compulsória.
Haddad argumentou que a prefeitura ficou seis meses estudando a questão e que recebeu representantes daquela comunidade.
— Vamos aprender com o que aconteceu no passado, não vamos repetir os mesmos erros. A violência ali só vai piorar a situação. Mais de 70% das pessoas dali são egressas do sistema prisional, já cumpriram pena e não resolveu o problema. O que aquelas pessoas querem é uma oportunidade para saírem do vício e para terem uma nova chance.
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