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Jurada passa mal e julgamento dos PMs acusados pelo massacre do Carandiru é adiado

Um novo júri será realizado no próximo dia 15 após 20 anos da ocupação da casa de detenção 

São Paulo|Ana Ignacio, do R7

Com adiamento, novo júri será realizado no próximo dia 15
Com adiamento, novo júri será realizado no próximo dia 15

Após uma jurada passar mal nesta segunda-feira (8), o julgamento de 26 PMs acusados de envolvimento no massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, foi cancelado. Iniciado na manhã desta segunda-feira (8), cinco mulheres e dois homens foram sorteados para decidir se os policiais são culpados ou inocentes. No entanto, com a dissolução do corpo de sentença o júri terá que ser remarcado.

A jurada passou mal na fase de leitura da sentença de pronúncia sobre o caso, iniciada por volta das 11h20. O juiz José Augusto Nardy Marzagão decidiu pelo adiamento às 14h25. Nenhuma testemunha chegou a ser ouvida nesta segunda-feira. Um novo júri será realizado no dia 15 de abril com a escolha de novos jurados.

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De acordo com o juiz, foi constatada a impossibilidade da jurada de permanecer no plenário pela equipe medica do Fórum Criminal da Barra Funda.

Para o promotor Fernando Pereira, o adiamento do júri foi causado por fatores que fogem ao controle das duas partes, mas que a acusação está pronta para o julgamento no próximo dia 15.


— É uma frustração, mas não há prejuízo [para o processo].

Pereira informou também que os sete sorteados nesta segunda-feira (8) não podem compor o novo conselho de sentença na próxima semana. 

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A advogada dos 26 réus, Ieda Ribeiro de Souza, também disse que o adiamento não prejudica a defesa. O que ocorreu nesta segunda-feira (8) foi um "imprevisto". Além disso, a defensora falou sobre o pedido de sigilo dos nomes dos réus.

— Por uma questão de segurança pedi a omissão do nome dos meus clientes e foi deferida. Eu não sei o que aconteceu no Tribunal de Justiça para eles divulgarem.

Para a advogada, é difícil afirmar se todos os acusados estarão presentes na próxima segunda - dois se ausentaram nesta manhã. Em relação ao depoimento do então governador na época, Ieda disse ser muito importante ouvir Luiz Antônio Fleury Filho.

— O depoimento de Fleury é essencial porque ele vai poder explicar como foi determinada a ordem e o que aconteceu (no dia da ocupação do Carandiru). Ela afirmou também que houve uma ordem para a realização da ação.

— Houve ordem. Ninguém na PM atua sem ordem. Acredito que tenha sido de um órgão estatal ou governamental. O que não se pode dizer é que ninguém sabia de nada.

Quando questionada se a absolvição do coronel Ubiratan, comandante da tropa de choque na época indicava uma absolvição de seus comandados, Souza disse que isso é "uma tese jurídica bastante plausível". 

Relembre o caso 

O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no pavilhão nove. Com a confusão, a tropa de choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta.

Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses 84 foram acusados de homicídio. Desde aquela época, cinco morreram e agora restam 79 para serem levados a julgamento.

Até hoje, apenas Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.

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