Júri Sandro Dota: acusação diz que há provas de que Bianca Consoli foi estuprada
Promotor afirmou que motoboy foi até a casa da vítima para matar universitária
São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7
O promotor Nelson dos Santos Pereira Júnior começou por volta das 15h a réplica no julgamento de Sandro Dota, acusado de matar a universitária Bianca Consoli, em setembro de 2011, na zona leste de São Paulo. Enfático, ele refutou o que a defesa argumentou, no início dos debates, de que havia dúvidas no processo.
— Há prova, sim, de que Bianca foi estuprada naquele dia: as lesões constantes no laudo.
Ele destacou que a vítima, ao ser atacada, preparava-se para ir à academia, e que se a jovem apresentasse os ferimentos na região perianal antes do crime, ela não teria condições de treinar.
O representante do Ministério Público rebateu, mais uma vez, a tese de homicídio privilegiado, quando o autor comete o assassinato sob violenta emoção, logo após uma injusta provocação. Reiterou que se tratava de uma manobra para atenuar a pena do motoboy.
— Ele foi para matar. Ele tinha aquela sacolinha e introduziu na boca [ da vítima].
Pereira acrescentou:
— Cuidado, porque vem a defesa com discurso de que, na dúvida, se absolve. Cuidado, porque isso é uma fala para a impunidade... Hoje, a tese da defesa é rua. Ele matou, ele estuprou uma menina e a defesa quer rua.
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Voltado para os jurados, o promotor leu todos os quesitos que serão votados na sala secreta. Em uma lousa, ele indicava como cada questão deveria ser respondida. No final, fez um apelo:
— Não à impunidade, senhores. Justiça nesta data. Eu clamo pela punição pelos dois crimes. Do contrário, é a punição da família [da vítima]. É a pena de morte para a família, para a sociedade.
Ator do mal
A segunda meia hora da réplica foi utilizada pelo assistente de acusação Cristiano Medina. Em tom exaltado, ele
ironizou, afirmando que Sandro Dota era “um ator do mal de fatos reais. Péssimo roteirista”.
Ele começou a explanação prometendo “desmascarar o assassino e estuprador” e enfatizou que o motoboy era um “risco para todos nós”. Ele acrescentou, alegando que Dota em liberdade era de “extrema periculosidade”. O acusado acompanhava tudo de cabeça baixa.
— É um mentiroso. Assassino sem vergonha. Tem que ficar muito tempo no presídio. Eu não tenho medo de você, Sandro.
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Na avaliação de Medina, se o réu sair do tribunal com a absolvição pelo crime de estupro e com a condenação por homicídio privilegiado será “ um estimulo para que ele continue cometendo atrocidades”.
O advogado mostrou ainda aos jurados fotos das lesões da vítima, imagens da jovem, de uma lista de objetivos que ela tinha pregada em painel do quarto dela. Ele ainda leu um texto escrito por Bianca, no qual a universitária se descrevia como uma pessoa organizada e que procurava “viver em harmonia” e falava sobre os planos que tinha na vida, como fazer cursos, aprender idiomas, estudar, casar e ter filhos. O advogado lembrou que os sonhos dela foram interrompidos.
Apontando para o réu, Medina pediu aos jurados que dissessem não para Dota e sim para a família da vítima, para Bianca e para a Justiça.
— Esse assassino não pode sair com um voto favorável a ele. Preciso que os senhores se unam à família e digam não para Sandro Dota.