Léo Rugai: Gil chorou após o crime
Segundo o irmão, acusado não fala palavrão e nem mente
São Paulo|Ana Cláudia Barros e Vanessa Beltrão, do R7
Durante um dos mais aguardados depoimentos desta quarta-feira (20), terceiro dia do julgamento de Gil Rugai, o irmão dele, Léo Rugai, relatou que o réu chorou após o assassinato do pai e da madrasta. Acusado de matar a tiros o casal em março de 2004, Gil sempre alegou inocência.
— Sim. O Gil chorou.
Questionado pela defesa sobre como foram os dias seguintes ao crime, a testemunha relatou:
— Foi muito triste. Ele (Gil) segurava a onda para a minha mãe não ficar preocupada.
Testemunha diz que polícia insistiu para que ela contasse ter visto alguém sair da casa dos Rugai
Defesa “ressuscita” caso Escola Base para tentar desqualificar acusação contra Gil Rugai
O irmão descreveu o acusado como alguém que “não fala palavrão nem mente”. A afirmação foi uma resposta ao suposto desabafo feito pelo pai, Luiz Carlos Rugai, ao instrutor de voo Alberto Bazaia Neto.
Segundo sustentou a acusação, Bazaia declarou que o publicitário teria medo do filho. O instrutor, que depôs na terça-feira (19), contou ter ouvido da vítima que Gil teria dito : “Pai, me ajuda. Na minha cabeça só penso em te fod...”.
Esportes radicais
Léo declarou também que ele e o irmão fizeram cursos desde pequenos, dentre eles, de alpinismo e paraquedismo. Disse ainda que Gil mantinha um bom relacionamento com o pai e a madrasta.
A testemunha contou também que Luiz Carlos chegou a adquirir uma arma calibre 12, que guardava no barco da família. O próprio Léo contou que também teve uma arma na época em que foi dependente químico. O envolvimento com drogas aconteceu, segundo o jovem, quando ele tinha 17 anos, trabalhava na agência do pai e morava junto com um amigo.
Conversa às vésperas do crime
Na sexta-feira anterior ao duplo homicídio, que aconteceu no domingo, 28 de março de 2004, Léo Rugai esteve na empresa do pai, a Referência Filmes. Questionado pela defesa se naquela ocasião Luiz Carlos e a madrasta comentaram que estavam tendo problemas com Gil, a testemunha respondeu que não. Léo informou que o irmão não estava presente na produtora.
A acusação sustenta que o acusado teria sido expulso de casa e da firma, dias antes do assassinato, por ter feito desvios de dinheiro da empresa.
"Ele é um figurinha", diz Léo sobre o irmão Gil Rugai
O caso
O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo, em 2004.
Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.
O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.
Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.
Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontram no quarto do rapaz, um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.
As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.
Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.
Rugai responde pelo crime em liberdade e será julgado por duplo homicídio qualificado, por motivo torpe.