O policial militar reformado e advogado Mizael Bispo afirmou no plenário do Fórum Criminal de Guarulhos, na Grande São Paulo, que tinha uma relação “estritamente profissional” com o vigia Evandro Bezerra, também acusado de assassinar a advogada Mércia Nakashima, em 2010. Mizael foi interrogado durante 1h50, nesta quarta-feira (13), terceiro dia de julgamento.
Questionado pelos jurados por qual motivo Bezerra o colocou na cena do crime, afirmou:
— É uma pergunta que eu não tenho resposta.
O réu reiterou o seu principal álibi: que esteve com uma garota de programa no dia do desaparecimento de Mércia. Disse que pelo encontro pagou R$ 20.
Veja fotos do 3º dia de julgamento de Mizael Bispo
Acusação diz que Mizael Bispo deu declaração “fantasiosa” durante interrogatório
Mizael declarou ainda que “não tinha a menor ideia” de quem matou a vítima. Indagado pelo juiz porque a família da advogada o apontava como autor do crime, respondeu que era “uma história meio longa” e contou um episódio sobre o casamento da irmã da advogada. Disse que na época, ele e Mércia já haviam rompido e que, desistiu, na última hora, de ser padrinho na cerimônia.
— Aquilo para a família foi uma grande ofensa.
Pouco antes, quando perguntado sobre como era a relação dele com os parentes de Mércia, disse que era boa quando Márcio, irmão da vítima, não estava presente.
O acusado falou ainda que nunca fez nada para atrapalhar as investigações e que não há no processo prova que o incrimine. Afirmou também que ele ou familiares nunca ameaçaram testemunhas. Negou que mandou alguém ligar para o delegado Antônio de Olim, responsável pela investigação do caso, para intimidá-lo.
Namoro escondido
Mizael contou que namorou Mércia escondido entre julho de 2005 e fevereiro de 2006. Ao ser perguntado por um dos jurados sobre quem teria terminado a relação, afirmou que em agosto de 2009, a advogada manifestou a intenção de romper o namoro, mas que não levou a ideia adiante. Meses depois, no dia 17 de setembro do mesmo ano, ela retomou o assunto e teria, segundo o réu, dito, chorando, que pretendia terminar a relação.
— Passei a mão no cabelo dela e falei: “Vai para casa e descansa. Depois, a gente conversa”.
Agressão à ex-mulher
Mizael demonstrou aparente desconforto quando sua defesa mencionou os boletins de ocorrência por agressão, registrados pela ex-mulher dele. O réu ressaltou que em algumas situações, ele também procurou a polícia para denunciar a ex-esposa pelo mesmo motivo e disse que ela costumava agredi-lo quando ele ia visitar a filha.
Contou que a ex-cunhada, por “qualquer coisinha” levava a irmã para a delegacia. O policial reformado destacou que as denúncias de ambos não foram levadas adiante.