Logo R7.com
Logo do PlayPlus

"No meu governo, preso não jogava futebol com cabeça de preso”, diz ex-governador de SP

Luiz Antônio Fleury Filho relembra massacre e defende ação da PM durante rebelião

São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

Instalação de 111 cruzes feita por estudantes de direito da USP (Universidade de São Paulo), em abril deste ano
Instalação de 111 cruzes feita por estudantes de direito da USP (Universidade de São Paulo), em abril deste ano

O ex-governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho, foi a terceira testemunha a depor na manhã desta terça-feira (30) no Fórum Criminal da Barra Funda, no segundo dia de julgamento do massacre do Carandiru.

Assim como o ex-secretário Pedro Franco de Campos, Fleury defendeu a entrada da Polícia Militar como necessária para combater a rebelião no pavilhão nove.

— Quando cheguei lá (no Carandiru), havia focos de incêndio no local e havia a notícia de presos mortos. Por isso, a polícia entrou. A entrada da PM foi legítima e necessária.

Fleury estava em viagem ao interior de São Paulo no dia 2 de outubro de 1992, data do massacre na Casa de Detenção. Ele voltou de helicóptero para a capital e, do Palácio dos Bandeirantes, ficou sabendo dos fatos no presídio. Ele reafirmou que não deu a ordem para a invasão, mas o faria se tivesse sido necessária.


— Fui dormir aquele dia com a ideia de que havia 60 mortos, mas quando acordei no dia seguinte a imprensa me questionou se passavam de cem. Pedi então ao secretário que me informasse o número exato. Falaram que abafamos o caso, mas a verdade é que demorou para termos o número exato de mortos.

Além de defender a ação da PM, Fleury falou a favor da sua polícia de segurança pública na época.


— No meu governo, preso não jogava futebol com cabeça de preso. Nossa política sempre foi de austeridade e firmeza nas ações.

O segundo dia do julgamento do massacre do Carandiru recomeçou, às 10h30 desta terça-feira (30), com o depoimento de uma testemunha protegida da defesa.


Na sequência, estão previstos os depoimentos de uma segunda testemunha protegida; e a exibição de dois vídeos: um do desembargador Ivo de Almeida, e ou outro do também desembargador Luiz Augusto San Juan França.

O primeiro dia foi marcado pela dispensa de sete das oito testemunhas da acusação. Apenas o perito criminal Osvaldo Negrini foi interrogado.

Relembre o caso

O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no Pavilhão 9. Com a confusão, a Tropa de Choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta.

Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses, 84 foram acusados de homicídio.

Após Carandiru, massacre continua atrás dos muros das prisões, diz Pastoral Carcerária. Em abril de 2013, 26 policiais militares foram levados ao banco dos réus pela morte de 15 detentos no segundo pavimento do Pavilhão 9 no massacre do Carandiru. Após sete dias de julgamento, a maioria foi condenada por homicídio qualificado — com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Naquela ocasião, seis homens e uma mulher formaram o Conselho de Sentença.

Dos 26 policiais, 23 foram condenados a 156 anos de prisão, inicialmente, em regime fechado. Os réus receberam a pena mínima de 12 anos por cada uma das mortes dos 13 detentos. Os condenados poderão recorrer em liberdade. Outros três PMs foram absolvidos pelo júri, que acatou o pedido feito pela acusação.

Antes deles, Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém, um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.