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Secretário diz que não havia plano para conter o “caos” no Carandiru

Pedro Franco de Campos vê que não havia alternativa a não ser a entrada da PM

São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

Terminou por volta das 11h45 o depoimento de Pedro Franco de Campos, segunda testemunha do segundo dia de julgamento do massacre do Carandiru, na manhã desta terça-feira (30), no Fórum Criminal da Barra Funda. Ele defendeu reiteradamente a ação da Polícia Militar para conter o que ele chamou de “caos” no pavilhão nove da Casa de Detenção.

— O gigantismo da rebelião e o risco de ela passar para outros pavilhões justificava a invasão.

O ex-secretário de Segurança, entre março de 1991 e outubro de 1992, revelou ainda não ter conhecimento de nenhum plano de contingência par rebeliões de grande porte no presídio.

— Não houve nenhuma outra alternativa comentada (pela PM). Não sei como PM age nessas hipóteses, mas nunca soube como dividem as tarefas, nem ia me intrometer em um assunto deles. O que sabíamos era que o pavilhão estava tomado pelos presos, a situação era caótica, o coronel Ubiratan mesmo usou essa expressão. Depois fui constatar que era mesmo necessária a entrada da polícia.


"A PM já havia invadido o Carandiru"

Campos ainda afirmou que, durante o período em que comandou a secretaria, essa foi a única rebelião com briga entre facções na Casa de Detenção. Ele também descartou ter conhecimento da entrada de armas na cadeia.


O segundo dia do julgamento do massacre do Carandiru recomeçou, às 10h30 desta terça-feira (30), com o depoimento de uma testemunha protegida da defesa.

Na sequência, estão previstos os depoimentos do ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho; de uma segunda testemunha protegida; e a exibição de dois vídeos: um do desembargador Ivo de Almeida, e ou outro do também desembargador Luiz Augusto San Juan França.


O primeiro dia foi marcado pela dispensa de sete das oito testemunhas da acusação. Apenas o perito criminal Osvaldo Negrini foi interrogado.

Relembre o caso

O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no Pavilhão 9. Com a confusão, a Tropa de Choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta.

Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses, 84 foram acusados de homicídio.

Após Carandiru, massacre continua atrás dos muros das prisões, diz Pastoral Carcerária. Em abril de 2013, 26 policiais militares foram levados ao banco dos réus pela morte de 15 detentos no segundo pavimento do Pavilhão 9 no massacre do Carandiru. Após sete dias de julgamento, a maioria foi condenada por homicídio qualificado — com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Naquela ocasião, seis homens e uma mulher formaram o Conselho de Sentença.

Dos 26 policiais, 23 foram condenados a 156 anos de prisão, inicialmente, em regime fechado. Os réus receberam a pena mínima de 12 anos por cada uma das mortes dos 13 detentos. Os condenados poderão recorrer em liberdade. Outros três PMs foram absolvidos pelo júri, que acatou o pedido feito pela acusação.

Antes deles, Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém, um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.

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