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Massacre do Carandiru: segundo dia do júri dos acusados terá depoimentos de testemunhas da defesa

Nesta segunda-feira, foram dispensadas sete das oito testemunhas da acusação

São Paulo|Julia Carolina e Thiago de Araújo, do R7

Em abril, 26 PMs foram levados ao banco dos réus pela morte de 15 detentos no massacre do Carandiru; a maioria foi condenada
Em abril, 26 PMs foram levados ao banco dos réus pela morte de 15 detentos no massacre do Carandiru; a maioria foi condenada ITAMAR MIRANDA

Os interrogatórios das seis testemunhas arroladas pela defesa dos 26 policiais militares que são réus no caso do massacre do Carandiru devem ocorrer nesta terça-feira (30), segundo dia do julgamento, que começou ontem, no Fórum Criminal da Barra Funda. O primeiro dia foi marcado pela dispensa de sete das oito testemunhas da acusação. Apenas o perito criminal Osvaldo Negrini foi interrogado.

Após o perito, foram exibidos três vídeos, já mostrados na primeira fase do julgamento, em abril. A sessão terminou pouco antes da meia-noite, nesta segunda-feira. A sentença deve sair em antes do fim de semana, após as dispensas das testemunhas. Inicialmente, os trabalhos estavam previstos para ir até a madrugada de sábado (3).

O julgamento é presidido pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, da 2ª Vara do Júri. O conselho de sentença é formado por sete homens.

Perito


O perito criminal Osvaldo Negrini, primeira testemunha a ser ouvida, disse ter visto um “mar de cadáveres” e presenciado um “rio de sangue” ao chegar na Casa de Detenção no dia 2 de outubro de 1992. O depoimento de Negrini começou por volta das 14h10 e terminou pouco depois das 16h30.

— Encontrei um mar de cadáveres em um espaço de 36 a 40 metros quadrados. Ali, contei 90 cadáveres empilhados. Da escada descia uma gosma avermelhada escura, que eles [policiais] diziam ser óleo, mas eu cheguei mais perto e notei que era sangue, um rio de sangue descia.


Relembre a história do complexo penitenciário do Carandiru

Relembre o caso


O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no Pavilhão 9. Com a confusão, a Tropa de Choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta.

Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses, 84 foram acusados de homicídio.

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Em abril de 2013, 26 policiais militares foram levados ao banco dos réus pela morte de 15 detentos no segundo pavimento do Pavilhão 9 no massacre do Carandiru. Após sete dias de julgamento, a maioria foi condenada por homicídio qualificado — com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Naquela ocasião, seis homens e uma mulher formaram o Conselho de Sentença.

Dos 26 policiais, 23 foram condenados a 156 anos de prisão, inicialmente, em regime fechado. Os réus receberam a pena mínima de 12 anos por cada uma das mortes dos 13 detentos. Os condenados poderão recorrer em liberdade. Outros três PMs foram absolvidos pelo júri, que acatou o pedido feito pela acusação.

Antes deles, Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém, um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.

Dezessete testemunhas foram convocadas. Onze de acusação e seis de defesa Do total, 12 eram aguardadas no tribunal, enquanto as outras cinco teriam vídeos dos seus depoimentos apresentados no plenário. Entre elas, estão o ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho e o secretário de Segurança na época do massacre, Pedro Franco de Campos.

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