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Nove em cada 10 estudantes de medicina da USP já sofreram algum tipo de agressão

Estudo mostra que na maioria das vezes quem abusa é outro aluno de medicina

São Paulo|Do R7

Professora do Departamento de Medicina Preventiva fez estudo
Professora do Departamento de Medicina Preventiva fez estudo Professora do Departamento de Medicina Preventiva fez estudo

Estudo realizado com alunos da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) constatou que 9 a cada 10 estudantes já passaram por algum tipo de agressão ao longo de sua formação. O levantamento, coordenado pela professora Maria Fernanda Tourinho Peres, do Departamento de Medicina Preventiva, foi feito em um universo de 317 alunos (cerca de 25% do total) por meio de um formulário divulgado aos graduandos do 1º ao 6º ano, por e-mail. O objetivo era mapear a qualidade das relações no ambiente acadêmico.

Parte dos dados do estudo foi relatada durante audiência da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura os casos de violência nas universidades paulistas. Além de Maria Fernanda, estiveram presentes a professora de antropologia Heloísa Buarque, do USP Diversidade, o psiquiatra e ex-aluno da FMUSP Luís Fernando Toffoli e o médico Paulo Saldiva.

Do total, 43,32% dos entrevistados disseram ter sido submetidos a assédio ou discriminação sexual e 15,52% relataram sofrer ameaças de agressões físicas. As respostas foram dadas anonimamente e não era necessário informar nenhum dado pessoal. De acordo com o levantamento, o agressor é, na maior parte das vezes (83,75%), outro estudante de medicina. Em segundo lugar, a reclamação é em relação aos professores (72,78), médicos (50,3%), residentes (44,12%), além de pacientes, acompanhantes, enfermeiros e outros profissionais da saúde.

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A agressão psicológica foi a que teve maior número de registros, na forma de depreciação ou humilhação (73,1%). Agressões físicas como tapas, chutes ou empurrões tiveram 38 registros (13,11%). A maioria dos estudantes (69,38%) considerou a gravidade da agressão como muito importante (202 pessoas), ante 90 alunos que julgaram que os casos tiveram pouca ou nenhuma relevância.

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De acordo com Maria Fernanda, a intenção da pesquisa era explorar um campo pouco estudado no Brasil, já que os estudos sobre violência na educação estão quase sempre voltados ao ensino básico e não à educação superior.

— Há uma grande produção internacional sobre os casos de humilhações, maus-tratos e abusos nas universidades. A proporção é muito grande em escolas médicas.

O projeto Quara, como foi chamado, foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição e teve o trabalho de campo realizado em 2013. Segundo a docente, os números foram semelhantes aos obtidos em pesquisas feitas nos EUA, na Alemanha e no Chile.

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