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Ouvidoria da PM denuncia policiais da Rota por tortura de jovem morto na favela do Moinho

Ouvidor da corporação indica suspeita de uso de martelo encontrado na cena do crime

São Paulo|Do R7

Leandro foi morto na cozinha da casa de um vizinho; o martelo sujo de sangue ficou no local
Leandro foi morto na cozinha da casa de um vizinho; o martelo sujo de sangue ficou no local Leandro foi morto na cozinha da casa de um vizinho; o martelo sujo de sangue ficou no local

A ouvidoria da PM (Polícia Militar) encaminhou na noite desta quinta-feira um ofício pedindo a investigação de policiais da Rota (Ronda Ostensivas Tobias de Aguiar, tropa de elite da polícia paulista) sob suspeita de terem torturado Leandro de Sousa Santos, de 19 anos, antes de sua morte na manhã da última terça-feira (27).

Julio Cesar Neves, ouvidor da PM, conta que esteve na favela do Moinho no dia da morte, e escutou relatos que contrariam a versão dos policiais de que Leandro teria disparado primeiro e que só então os policiais teriam disparado, dentro da cozinha de uma casa.

— Chamou muita atenção o martelo sujo de sangue que foi levado até mim e que foi recolhido na cena do crime. Todos os moradores que testemunharam a ação afirmam que Leandro estava fugindo dos policiais e se refugiou na casa da vizinha.

Neves afirmou também que Lucimar Santana, dona da casa onde o jovem foi morto, tem medo de relatar o que sabe. Para a reportagem do R7, Lucimar contou que “[os policiais] ficaram quase uma hora e meia dentro da minha casa.” Após Leandro ser levado para a Santa Casa, policiais a levaram para prestar depoimento sem a companhia do marido.

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— Sei que umas 11h30 eles tiraram o menino aqui de dentro e possivelmente ele estava morto, porque não tinha condições dele estar vivo pelo jeito que ele saiu aqui de dentro. Eu vi o nariz dele com sangue, a boca dele com sangue.

Segundo relatório da Santa Casa, Leandro já chegou morto ao hospital, com horário da morte declarado como 11h14, portanto antes mesmo do horário que a moradora estima que o levaram de sua casa.

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Os dois policiais que, de acordo com o boletim de ocorrência, assumiram o disparo de quatro tiros cada contra Leandro, já estiveram envolvidos em outros episódios de 'auto de resistência. Assim são chamados nos boletins de ocorrência os casos em que o suposto criminoso é morto ao disparar contra policiais. Hoje chamado de ‘morte decorrente de intervenção policial’, os autos de resistência são apontados como justificativa para a execução de suspeitos pela polícia militar. O policial da Rota José Carlos Paulino da Costa estava em um caso em 2009, e Pierre Alexandre de Andrade tem dois casos de morte de suspeito.

“Nós sabemos que há essa questão, mas o papel da ouvidoria é receber, encaminhar e cobrar dos órgãos competentes a devida investigação dessas denúncias”, afirma Neves, que diz ter encaminhado o ofício para os diretores do MP (Ministério Público), DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, responsável pela investigação do caso), Corregedoria da PM, IML (Instituto Médico Legal) e do Departamento de Criminalística.

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A assessoria de imprensa do MP afirmou que acompanhará o inquérito realizado pelo DHPP, que tem prazo de 30 dias para ser concluído - prorrogável - e que estão atentos às denúncias feitas pela Ouvidoria nesta quinta.

Veja mais: Jovem é morto em operação policial na favela do Moinho

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