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O Estado de São Paulo vive, nesta sexta-feira (16), o 5º dia na fase vermelha do plano de flexibilização econômica, criado pelo governo estadual. Nesta etapa, uma série de restrições são impostas ao comércio. Entretanto, no transporte público, passageiros relatam que medo de se contaminar pelo coronavírus, indignação com a ausência de medidas de fiscalização e proteção e não vislumbram mudanças
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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A primeira semana de fase vermelha na cidade de São Paulo foi marcada por mais imagens de passageiros amontoados no transporte público e pedidos por distribuição de máscaras de proteção no transporte público. A nova etapa entrou em vigor na segunda-feira (12) em todo o estado, após 28 dias de fase emergencial e se estende até 18 de abril
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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Rosenildo Santana, de 37 anos, sai da estação Calmon Viana, em Poá, na Grande São Paulo, e vai até a Conceição, na zona sul da capital. Ele acredita que não houve mudança na fase vermelha e o transporte continua cheio. 'Medo a gente sente, mas precisamos trabalhar e o único meio da gente se locomover é o trem. Máscara e álcool gel virou uma lei pra nós. Será que só no comércio que pega o vírus, na condução lotada não pega?', indaga o ajudante de obras
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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Gabriela Salomão trabalha com hotelaria e usa o transporte público no deslocamento da Vila Sônia até a estação Berrini, na zona sul: 'Essa semana senti um aumento exponencial no transporte. Foram tirados ônibus da frota, aí as linhas enchem pelas poucas opções'. Ela defende a reabertura do comércio nos mesmos moldes do que foi feito com o setor de hotelaria: 'Seguindo os protocolos pode funcionar. Com os comércios fechados, não tem receita para pagar os funcionários, aí fica difícil'
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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Já a passageira Alice Mesquita, de 35 anos, já teve covid-19 há um ano. Ela perdeu o olfato e paladar. Mas não só ela: a mãe, a filha, a irmã e o cunhado também foram contaminados pelo coronavírus. O caso mais grave foi o da mãe da assistente financeiro que precisou ficar internada por cinco dias no Hospital Regional de Osasco, na Grande São Paulo, porque a saturação caiu e ela tem diabetes e pressão alta. Diariamente, ela faz o trajeto Butantã, na zona oeste, até a estação presidente Altino, em Osasco. 'O transporte tá horrível, tá muito mais cheio. Na rua ainda tem pessoas sem máscaras, tá complicado. Não vejo a hora de tomar vacina', conta
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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A auxiliar de limpeza, Josilene Costa, de 42 anos, mora em Guaianases, no extremo leste da capital e trabalha na alameda Santos, na região central. Ela depende do transporte público no deslocamento. 'Continua lotado do mesmo jeito, tá todo mundo reclamando. Será que no transporte coletivo não tem corona?', disse. Segundo ela, ainda tem muita gente que não usa máscara e sugere que a CPTM forneça a proteção aos passageiros.
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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A funcionária pública Alessandra Oliveira, de 45 anos, faz o trajeto Santana, na zona norte, até a estação Berrini, na zona sul e reclama do transporte oferecido. 'Está péssimo. Não está como era na vida normal, mas tá muito aquém do que deveria ser. Sinto um descaso da administração pública', afirma. Ela já tomou a vacina contra a covid-19 e defendeu a imunização de todos o mais rápido possível como a única forma de vencer o vírus.
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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Ao longo da semana, o R7 acompanhou a rotina dos usuários que transporte que relataram a necessidade de ir ao trabalho presencialmente, apesar dos riscos que correm nos aglomerações em ônibus, trens e metrôs. 'Tem pessoas que não têm condições de ficar em casa. Eu acabei de ter um filho, tenho que trabalhar pra dar o leite para a criança', disse o estoquista David Santos, de 27 anos, sai de São Miguel Paulista, no extremo leste da cidade, e vai até Pinheiros, na zona oeste, diariamente
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a chance de contrair covid-19 é maior em ambientes cheios e espaços sem ventilação adequada onde as pessoas passam longos períodos de tempo próximas umas das outras. 'Esses ambientes são onde o vírus parece se espalhar por gotículas respiratórias ou aerossóis de forma mais eficiente, por isso, tomar precauções é ainda mais importante”, alertou o órgão
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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Para enfrentar o período de pandemia, seria necessário que a ventilação no transporte público fosse aumentada e que fossem desenvolvidos mecanismos para evitar a aglomeração de pessoas, com os passageiros, preferencialmente, todos sentados. Um dos problemas que pode ainda agravar o risco de se pegar o novo coronavírus é o ar condicionado, muito utilizado no transporte público, alerta Gonzalo Vecina, professor da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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“É mais perigoso. Esse ar condicionado [geralmente utilizado no transporte público] é sem filtro, então você tem a recirculação do aerossol, que o mantêm mais tempo ativo. Num ambiente em que você tem a circulação do ar, o aerossol sofre uma dispersão e vai embora', detalha o professor
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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O público mais atingido pela lotação de transportes é de baixa renda, uma população com idade economicamente ativa e que recebe, em média, dois salários mínimos. Os passageiros do Metrô de São Paulo, segundo pesquisa de 2018 – a mais recente da companhia –, são pessoas com renda mensal de R$ 2.003 (à época, equivalente a pouco mais de dois salários), em média, e faixa etária de 18 a 34 anos (58%).
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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'O governo estadual está matando o trabalhador e os empresários' afirma o zelador, Laerte José Oliveira, de 44 anos, que avalia o transporte público em São Paulo como 'péssimo' nesta pandemia. 'Quem trabalha não consegue se manter com o auxílio, os micro empresários estão falindo. Sou pró-trabalho, o pior da pandemia vai ser o desemprego e a fome', lamentou
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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Em março, o governo do Estado voltou a recomendar o escalonamento de horários de setores econômicos para desafogar os horários de pico nos trens e ônibus da região metropolitana. A orientação, direcionada a três setores (comércio, serviços e indústria), não se mostrou suficiente, uma vez que as superlotações seguiram durante o restante do mês e na primeira metade de abril. Há setores, inclusive, que não acataram o pedido e outros alegam que sequer foram ouvidos pelo governo paulista. Autoridades como o próprio secretário dos Transportes, Alexandre Baldy, acreditam que a medida deveria ser obrigatória
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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O médico especialista em Saúde Pública e doutor em doenças infecciosas e parasitárias, Marcos Vinícius da Silva, afirma que a ideia não tem como dar certo. “Tem uma série de setores com turnos que não têm como mudar”, aponta
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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Como solução específica ao transporte, ao menos para amenizar as aglomerações, Silva sugere que o governo e a prefeitura deveriam aumentar a frota de trens e ônibus, ampliar os horários dos locais de atendimento em empresas e diminuir o intervalo entre um e outro. “Assim se evitaria as aglomerações em horários de pico”, diz
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021
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O governo do Estado de São Paulo, perguntado sobre adotar a medida como obrigatória e se houve tratativa com os setores econômicos, respondeu em nota. 'O Governo de São Paulo reforça a recomendação ao escalonamento de horários de entrada dos trabalhadores para evitar aglomerações no transporte público e assim conter a disseminação do vírus. O Centro de Contingência indicou a medida como mais um elemento para reduzir o contato entre as pessoas e manter o distanciamento social, contribuindo assim para diminuir a transmissão do novo coronavírus.'
Edson Lopes Jr./R7 - 16.04.2021