Casa Brigadeiro é exclusivo para mulheres
Daia Oliver/ R7O número de vagas em centros de acolhida da Prefeitura de São Paulo — os chamados albergues — cresceu em um ritmo muito menor do que a procura entre janeiro de 2009 e junho de 2014. Nesse período, a demanda passou de 6.716 para 12.883, o que representa um aumento de 91%, enquanto a oferta de leitos em período integral saltou 21%, passando de 4.293 para 5.132. Os dados foram obtidos pelo R7 por meio da Lei da Acesso à Informação.
Em relação aos centros com vagas apenas para pernoite, o número passou de 1.072 para 1.372 e a demanda, de 2.035 para 4.076.
Questionada sobre o déficit, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social afirmou que muitos moradores de rua vão aos centros apenas para se alimentar ou tomar banho, sem passar a noite no local. Esse atendimento entra na conta da prefeitura.
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Segundo o assistente social e membro do Cress (Conselho Regional de Serviço Social), Fabio Rodrigues, o maior problema dos albergues é a falta de estrutura necessária para o devido atendimento da população em situação de rua. Isso não só em São Paulo, mas em toda a rede assistencial do País.
Para ele, a política de assistência social é precária e precisa de investimento. A categoria pede que os governos invistam, pelo menos, 5% dos orçamentos para melhorar as condições de trabalho dos profissionais envolvidos e, consequentemente, a qualidade do atendimento à população.
— Outra questão é a fragmentação das ações. O Estado não toma para si o papel de sistematizar a política de assistência social e o delega para as ONGs.
Nas ruas
Rodrigues explica, ainda, que muitas pessoas preferem as ruas aos albergues, pois nem sempre as condições de atendimento são adequadas para o que necessitam.
— Não passando frio e tendo acesso à alimentação, o morador opta por ficar na rua, onde ele tem seu espaço. A rua passa a ser o lugar dele.
Para Rodrigues, a falta de vagas também influencia nessa decisão porque, muitas vezes, famílias são separadas em centros de acolhida, como albergues para mulheres e crianças.
O Censo da População em Situação de Rua da capital paulista, realizado em 2011 pela prefeitura em parceria com a FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), revelou que 14.478 pessoas não tinham onde morar, sendo que 6.765 estavam nas ruas e 7.713, em centros de acolhida.
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