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Réu condenado por ajudar Mizael indicou novo advogado de Sandro Dota

Evandro Bezerra foi o elo entre o motoboy e a equipe que o defenderá em setembro

São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

Evandro Bezerra (à esq.) foi quem indicou os novos advogados a Sandro Dota (à dir.), acusado pela morte de Bianca
Evandro Bezerra (à esq.) foi quem indicou os novos advogados a Sandro Dota (à dir.), acusado pela morte de Bianca

Evandro Bezerra, condenado a 18 anos e oito meses de prisão pela morte da advogada Mércia Nakashima, foi quem indicou a equipe de defesa encabeçada pelo advogado Aryldo de Oliveira ao motoboy Sandro Dota, acusado pela morte da universitária Bianca Consoli. O vigia, comparsa do ex-namorado de Mércia, Mizael Bispo, também condenado, está preso no mesmo presídio onde está Dota, em Tremembé, no interior de São Paulo.

Oliveira fará no dia 16 de setembro a defesa de Dota no julgamento marcado para o Fórum Criminal da Barra Funda, ao lado da equipe formada por Felipe Eduardo Miguel Silva, Mauro Otávio Nacif, Eleonora Rangel Nacif, Ana Paula Cortez, e Márcio Gomes Modesto. O primeiro ato dos defensores foi divulgar nesta quarta-feira (14) uma carta na qual Dota confessa ter matado Bianca Consoli em setembro de 2011, mas nega tê-la estuprado.

Em entrevista ao R7, Felipe Eduardo Miguel Silva explica como se deu a indicação de Bezerra ao motoboy:

— A data exata acredito que deva ser no dia 2 de agosto, dia em que nós fomos lá em Tremembé. Nós atuamos na defesa do Evandro. No último dia do julgamento, dia 31 de julho, o Evandro nos disse que o Sandro queria falar com a gente lá. Ele (Dota) deve ter acompanhado, ter perguntado ao Evandro sobre a postura nossa como advogados. O Evandro falou que a gente trabalha bem, e ele falou que queria falar conosco. Eles não estão na mesma cela, mas quando tem um tempo de banho de sol, quando eles têm o tempo livre deles no pátio, eles conversam entre si. O Sandro foi perguntar a ele acerca disso, e ele indicou a gente.


Advogado da família fala em "armação" de Sandro Dota

“Não tem para onde correr, agora quer inventar coisas da minha filha”, diz mãe de Bianca


O advogado de defesa falou ainda sobre a carta escrita. Ele negou que a divulgação da carta, que será reunida pelos defensores aos autos do processo, seja algum tipo de estratégia da defesa no caso, tampouco algum tipo de “armação”, conforme sugeriu o advogado da família de Bianca, Cristiano Medina.

— Pedimos pra ele explicar o que aconteceu, já que a gente não teve acesso aos autos ainda. O que nós sabemos é o que ele contou. Aí ele disse que quis destituir o advogado dele, o Ricardo Martins, e não aguentava sustentar a mentira. Ele queria confessar que realmente praticou o homicídio contra a Bianca (...). Não é uma estratégia. A carta é o seguinte: ela resguarda o próprio Sandro, nós defensores, o Ministério Público, o assistente de acusação e a magistrada também na hora de aplicar a sentença. Inclusive o conselho de sentença. Então, como ele vinha sustentando que não matou durante todo esse tempo, pedimos para ele escrever de próprio punho o que realmente aconteceu e o que ele quer sustentar em plenário. Agora, jamais um advogado, eu nunca faço e nenhum defensor deve fazer, é induzir o seu cliente a falar determinada coisa ou testemunha. Enfim, é totalmente errado, antiético e antiprofissional.


Pedir condenação é estratégia, diz defesa de Dota

O advogado de Sandro Dota procurou enfatizar que o foco da nova equipe, que defende o motoboy das acusações de homicídio triplamente qualificado (meio cruel, motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima) e por estupro, não é tentar a absolvição dele, mas sim buscar provar a versão do réu em plenário e obter uma pena “justa”. Detalhes além dos apresentados na carta só serão revelados em plenário.

— Ele escreveu o que realmente aconteceu e a gente pediu para ele assinar, rubricar as três folhas, e passar o que aconteceu no dia dos fatos. Deixamos claro a ele que julgamento já estava marcado, não temos tempo a perder. Vamos trabalhar em cima do que ele passou. A gente não induz ninguém a dizer nada, é bom deixar isso bem claro. Somos defensores, advogados, mas não defendemos o crime, defendemos o direito. Não pediremos a absolvição dele, vamos pedir a condenação. O que ele quer é que seja condenado a uma pena justa, aquela estipulada em lei.

Silva explicou ainda que a defesa, pelo que se sabe até aqui, acredita que é possível que Dota escape da condenação de estupro, já que não haveria provas contra ele nesse sentido. De acordo com o advogado, o motoboy demonstra ter muito medo com a pecha de “estuprador” que já tem contra si e que poderia lhe causar problemas no presídio.

— Ele nos contou que praticou o homicídio, com detalhes dos motivos de como ele fez, mas ele teme pela acusação de estupro. Ele fala que não fez e jamais faria isso, até porque dentro do sistema carcerário, presos que praticam esse crime são muito mal quistos até pelos outros presos. Em razão disso, ele teme ser tachado de estuprador e sofrer represálias dentro do próprio sistema carcerário. Inclusive ele falou para nós lá que as evidências dos autos têm laudo, testemunha, e que indicam que ele não praticou o estupro.

Provando a sua tese, a defesa também espera obter benefícios a Sandro Dota, como uma pena reduzida. Os advogados acreditam que, apesar de faltar pouco tempo para o julgamento, será possível fazer um bom trabalho. Mesmo sem ler todo o processo até lá.

— Evidentemente o tempo é escasso. Se eu falar que vamos ler o processo detalhadamente de cabo a rabo, da primeira à última lauda, evidentemente seria uma mentira, seria leviano falar isso. Vamos nos atentar mais para o lado do estupro, já que o homicídio ele vai confessar. Isso já ajuda o trabalho da defesa, não tem o que se fazer. O que vamos discutir é o benefício da confissão que ele tem direito, artigo 65, inciso cinco do Código Penal (na verdade é o quarto inciso: são circunstâncias que sempre atenuam a pena, confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime), no qual confessar perante autoridade tem o benefício (de redução da pena) de até um terço. Então ele vai confessar e a juíza, na hora de aplicar a sentença terá que levar isso em consideração e conceder o benefício.

O caso

O corpo da universitária Bianca Consoli, 19 anos, foi achado pela mãe dela, caído próximo à porta de saída de casa, na zona leste de São Paulo, no dia 13 de setembro de 2011. Segundo a polícia, a jovem foi atacada quando havia acabado de tomar banho e se preparava para ir à academia.

Na cama, os investigadores encontraram a toalha usada pela estudante, ainda molhada. A garota teria reagido à presença do criminoso e começado uma luta escada abaixo. Foram localizadas mechas de cabelo pelos degraus. Dentro da garganta da vítima, a polícia encontrou uma sacola plástica, usada pelo autor para asfixiar a universitária.

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