Sem falar, Gil Rugai chega com a mãe ao Fórum Criminal da Barra Funda
Ex-seminarista vai a júri popular pela morte do pai e da madrasta
São Paulo|Vanessa Sulina, do R7
Gil Rugai chegou com a mãe ao Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, por volta das 10h desta segunda-feira (18). Em uma tentativa de despistar a imprensa, o advogado de defesa Marcelo Feller chegou acompanhado do irmão do acusado, Leonardo Rugai, muito parecido com o réu. Enquanto isso, Gil Rugai conseguiu entrar no fórum quase sem ser percebido.
Quase nove anos após a morte de seu pai, o publicitário Luiz Carlos Rugai, e de sua madrasta, Alessandra de Fátima Trotino, Gil Grego Rugai vai sentar-se nos bancos dos réus a partir desta segunda-feira, no Fórum da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, para ter seu destino traçado pela Justiça. O ex-seminarista é acusado de ter assassinado os dois a tiros na noite de 28 de março de 2004, em Perdizes, zona oeste de São Paulo.
O julgamento está previsto para começar às 10h e deve durar de três a cinco dias, de acordo com o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). Não há horário previsto para o término de cada dia — pode variar de acordo com o andamento do júri.
Rugai já teve o criminalista Fernando José da Costa como seu defensor mas, no decorrer do processo, recorreu à Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Hoje, ele conta com os advogados Thiago Gomes Anastácio e Marcelo Feller. Já a acusação será comandada pelo promotor de Justiça Rogério Zagallo, que terá como assistente o advogado Ubirajara Mangini K. Pereira.
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Antes de começar o julgamento, uma escrevente de sala vai sortear sete jurados entre os 25 convocados pela Justiça de São Paulo, conforme estabelece a lei. Tanto o promotor quanto os advogados de defesa podem recusar, por três vezes, o jurado sorteado. Por fim, os escolhidos vão integrar o júri, que será instaurado pelo juiz Adilson Paukoski Simoni.
Logo depois, serão ouvidas as testemunhas de acusação e, na sequência, as de defesa. Ao todo, são nove de defesa, cinco de acusação e uma arrolada pelo juiz.
Depois de ouvidas as testemunhas, chega o momento do interrogatório do réu, último ato processual antes dos debates, que duram uma hora e meia. Se o promotor decidir pela réplica, a defesa tem direito à tréplica. Nesta etapa, cada lado dispõe de uma hora.
Ao final, os jurados se reúnem em uma sala secreta para decidir se Gil Rugai é inocente ou não. Depois da votação, o juiz estipula a pena do réu e dá sua sentença final.
Estratégias
Para o promotor do caso, o ex-seminarista praticou o crime por dinheiro. Já o advogado de defesa Thiago Gomes Anastácio diz que o perfil "frio, calculista e quase psicopata do suspeito" será desmontado durante o julgamento.
O jovem será apresentado como uma pessoa religiosa, apegada ao "papai e a Lelê" e inteligente a ponto de não planejar um crime com tantos buracos.
Relembre o caso
O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo no dia 28 de março de 2004.
Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.
O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.
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Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.
Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontram no quarto do rapaz, um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.
As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.
Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.
Rugai responde pelo crime em liberdade e será julgado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe e por estelionato, em razão dos desfalques dados na produtora do pai.
Assista ao vídeo:
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