“Sociedade precisa aproveitar o momento”, diz ativista sobre testes em beagles
Fábio Chaves afirma que vigília em frente ao Instituto Royal não tem data para terminar
São Paulo|Thiago de Araújo, do R7, em São Roque
O ativista Fábio Chaves é uma das seis pessoas que permanecem em frente a uma das duas entradas do Instituto Royal, palco de uma invasão há uma semana na qual 178 cães da raça beagle e sete coelhos foram retirados. Em entrevista ao R7, ele disse que “não há prazo” para a mobilização no local terminar. Mais do que isso: Chaves acredita que é tempo da sociedade se aprofundar na discussão do assunto.
— Acho que a sociedade precisa aproveitar esse momento, precisa perceber que muitas pessoas colocam que o uso da vivissecção, que quer dizer cortar vivo, é desnecessário. Então, a sociedade precisa se informar, cobrar das empresas que consome, se existem métodos (na produção e pesquisa dos produtos) sem o uso de animais. Hoje em dia é legal, mas não é moral a vivissecção.
O procedimento conhecido como vivissecção trata-se da prática de utilizar um animal vivo para promover estudos, seja por meio de testes laboratoriais, práticas médicas, experimentos de psicologia, entre outros. O Instituto Royal, aberto em 2005, possui autorização para realizar o procedimento, segundo o Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal).
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Autorizada a realizar estudos com animais através de testes em cães, coelhos e ratos, a empresa é acusada há pelo menos dois anos de supostos maus-tratos contra animais, tanto que uma investigação do Ministério Público de São Roque segue em andamento sobre o assunto, muito embora nada tenha sido constatado até o momento contra as atividades da empresa.
Fábio Chaves acredita que o momento é oportuno para a discussão deste uso de cobaias vivas para testes científicos, relembrando outros exemplos de áreas em que animais antigamente eram usados, mas que a pesquisa científica permitiu que fossem substituídos.
— A gente tem muitos testes que eram feitos em animais e foram substituídos. Pega (as simulações) de batidas de automóveis, que antes eram feitas com primatas: colocavam o animal lá, batiam o carro e avaliavam o estrago no animal morto depois e isso era aceitável. Óbvio que hoje em dia não é mais aceito, já existem bonecos para isso.
O ativista ainda questionou a falta de informações sobre a situação dos animais que permaneceram no instituto, em sua maioria ratos e hamsters, segundo relatou o prefeito de São Roque, Daniel de Oliveira Costa, após a visita que uma comissão de fiscais da prefeitura local realizou nas instalações na última quinta-feira (24). Nem a imprensa ou ativistas puderam acompanhar o trabalho.
— A dúvida é porque o local não foi lacrado, uma vez que houve uma cena de um suposto crime que foi a invasão e está rolando um processo de furto, e o local não está lacrado. É um entra e sai de funcionários, advogados e vans (...). Mesmo com a retirada dos cachorros, ficaram animais e possivelmente documentos ali. Desde o acontecido eles podem ter retirado muitas provas, não estou afirmando, mas podem ter feito isso.
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