O jornalista Celso Ming, tio de Fábio de Rezende, morto junto com a mulher, Miriam Amstalden Baida, por um vizinho que se suicidou em seguida, disse que foi o casal que reclamou ao síndico do prédio sobre o barulho constante no apartamento de baixo, onde morava o empresário Vicente D'Aléssio Neto, de 62 anos, autor do crime. A versão é diferente da inicial, de que Vicente havia se irritado com o som que vinha do apartamento de cima.
— Não houve uma briga e nem a reclamação foi do empresário assassino. A reclamação foi do Fábio e da Miriam, que foram ao síndico do prédio reclamar do barulho que estava acontecendo no apartamento do vizinho.
Ele também disse que “a família está chocada”.
— Conheço o Fábio desde pequenininho. Jamais ouvi ele dizer "temos problemas lá no condomínio". Uma vez ele falou, "tem um cara chato lá", mas parou. Para a gente foi um choque esse desfecho.
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O crime
O casal, que tinha uma filha de um ano e meio, foi morto a tiros pelo empresário, que invadiu o apartamento deles, na noite de quinta-feira (23), em um condomínio, na avenida Marcos Penteado de Ulhoa Rodrigues, na região do Tamboré, em Santana de Parnaíba, na Grande SP.
De acordo com o delegado Andreas Schiffmann, do Setor de Homicídios de Carapicuíba, o empresário estava em seu apartamento, que fica no 11º andar, acompanhado de sua mulher, quando teria se irritado com o barulho que os vizinhos faziam no piso de cima. Ele pegou sua arma — um revólver calibre 38 — e pediu à companheira que fosse para o quarto e lá permanecesse. Em seguida, saiu e subiu as escadas. A mulher tentou impedir sua saída e chegou a acionar a segurança do prédio, mas não conseguiu evitar o crime.
D'Aléssio Neto disparou seis vezes dentro do apartamento das vítimas, retornou a casa dele, recarregou a arma e, no elevador de serviço, deu um tiro na própria cabeça. Não foi encontrado qualquer sinal de arrombamento na porta do casal. Testemunhas afirmaram que esta não foi a primeira vez que as famílias se desentenderam por causa de barulho.
O empresário era portador da síndrome de Guillain-Barré, doença neurológica que provoca fraqueza e paralisação muscular. Por enquanto, descarta-se a suspeita de que o idoso estivesse sob efeito de remédios não prescritos ou drogas. A arma utilizada no crime estava irregular, com a licença vencida. Segundo parentes, ele nunca apresentou comportamento parecido.
A filha de Miriam e Fábio, encontrada pela polícia em seu quarto, ficou sob os cuidados dos vizinhos durante a madrugada. A menina já foi entregue à avó paterna pelo Conselho Tutelar.
Os corpos dos dois serão enterrados no sábado (25), em Indaiatuba, interior de São Paulo.
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