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Travesti Verônica diz que bateu em idosa porque ela teria feito “magia negra”

R7 teve acesso exclusivo ao inquérito e entrevistou a outra travesti envolvida na confusão 

São Paulo|Sylvia Albuquerque, do R7

Verônica disse que não tinha intenção de matar quem ela agrediu
Verônica disse que não tinha intenção de matar quem ela agrediu Verônica disse que não tinha intenção de matar quem ela agrediu

No depoimento que deu à Polícia Civil, a travesti Verônica Bolina conta o que a levou a agredir uma idosa, diz que apanhou nas duas delegacias pelas quais passou e afirma estar arrependida dos crimes que cometeu. Verônica foi detida no dia 10 de abril após agredir três vizinhas em um flat onde morava na Bela Vista, região central de São Paulo. O R7 teve acesso exclusivo ao inquérito sobre o caso.

Segundo relatou, ela fazia limpeza no apartamento quando sentiu um cheiro ruim. Disse acreditar que a vizinha Laura, uma idosa de 73 anos, havia feito "macumba ou obra de magia negra" contra ela.

No registro do depoimento consta a seguinte afirmação: “Não sabendo justificá-lo, dirigiu-se até a casa de dona Laura e abruptamente adentrou ao recinto iniciando uma agressão sem controle, sendo que afirma que, mesmo estando descontrolada, sem nenhuma dúvida que não pretendia matá-la e sim agredi-la”. Verônica admitiu que usou a bengala da idosa para bater e que também quebrou os móveis da casa, mas que parecia estar "possuída".

Após alguns minutos de agressão, Verônica saiu da casa de Laura e passou a brigar com outra travesti, Beatriz, que mora no mesmo andar. A reportagem conversou com Beatriz no 2º Distrito Policial do Bom Retiro, na última quarta-feira (22), quando também foi ouvida pela Polícia Civil. Ela não quer mostrar o rosto porque diz estar "em foco".

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A travesti conta que ouvia um falatório no corredor que já durava alguns minutos. De saída para um compromisso, chamou o elevador e viu que Verônica estava dentro do apartamento da idosa.

— Quando eu vi a Verônica dentro do apartamento da dona Laura, eu já ia descer e aproveitaria para avisar a portaria. Não pretendia me envolver na briga. Mas a Verônica me viu e veio até o corredor tomar o meu celular com medo de que eu chamasse a polícia. Foi quando a gente começou a se bater até que eu consegui fugir pela escada e avisar a portaria. Mas acho que os funcionários já tinham notado a briga e chamado socorro. 

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Entre o tempo que Beatriz desceu e a polícia chegou, Verônica voltou para o flat da idosa, onde arrombou a porta a chutes e voltou a espancá-la. Ela a arrastou até o apartamento da outra vizinha, Lívia, que também foi agredida.

Segundo inquérito, os policiais chegaram e conseguiram acalmá-la para que fosse conduzida ao 78º DP, do Jardins. A polícia informou que precisou "fazer uso de força" já no DP porque Verônica teria atacado os policiais. Ela foi levada depois para o 2° DP, onde arrancou a orelha de um carcereiro e depois foi agredida por ele.

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Assim como Verônica, Beatriz também faz programa e atende no prédio. Ela afirma que a colega apresentou um comportamento estranho em um supermercado, dias antes das agressões, e culpa o crack pelo desequilíbrio.

— Eu encontrei a Verônica uns dias antes no supermercado e ela estava descalça e de shortinho, sendo que estava frio. Ela me disse que "precisava ser humilde", me pediu para esperar, mas foi embora sem mim. Achei estranho. Ela não era minha amiga, mas sou de todas as amigas dela e a gente sabe que ela se afundou no crack. Ela só cheirava, mas sabemos até quem levou crack pra ela experimentar. Ela pode ter ficado muito louca e ter feito aquilo, ou apenas foi ela mesma — uma pessoa ruim. Ela falou aquela coisa do cheiro, mas isso era o encanamento. O meu flat também estava com cheiro ruim e eu já tinha avisado. 

Beatriz é mineira e deixou o sul do Estado em junho do ano passado para morar em São Paulo. O objetivo dela era mudar o corpo e continuar o curso de biomedicina. A jovem de 19 anos escolheu o flat para morar porque o local não exige identificação dos convidados. Questionada porque escolheu fazer programa, afirma que tudo foi uma escolha de vida.

— Eu morava em Minas com a minha avó e vim para São Paulo fazer minhas plásticas. Eu tenho muita simpatia por idosas porque lembro da minha vó e estou revoltada com a Verônica porque eu vi o que ela fez com a dona Laura. Quem diz que defende ela é porque não viu o que ela fez de verdade.

A mãe de Verônica retirou as coisas dela do apartamento e entregou o imóvel. Com a repercussão do caso, Beatriz pretende se mudar do prédio, onde morava havia dez dias quando tudo ocorreu e, segundo ela, nunca tinha se envolvido em nenhum tipo de discussão. Dona Laura mora lá há seis anos.

Verônica está no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros em uma ala destinada aos travestis. Ela foi indiciada por tentativa de homicídio contra Laura, dano qualificado, desacato, resistência e lesão corporal, além de tentativa de homicídio pela agressão contra o carcereiro. 

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que foi aberto também um processo para apurar a conduta dos policiais e a agressão contra Verônica. 

Em seu depoimento, Verônica também diz que foi agredida dentro das duas delegacias e no hospital pelos militares que a levaram. Ela confirma que se masturbou dentro da cela no 2° DP, o que levou o carcereiro a entrar para retirá-la de lá. Ela garante "que em nenhum dos crimes tinha a intenção de matar e está arrependida, com vontade de voltar para a sua vida normal". 

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