Um levantamento feito pelo R7 apontou que o prefeito de São Paulo, João Doria, ficou dois dias fora da cidade para cada três vezes que visitou bairros mais distantes do centro da capital. Os números conseguidos com base nas agendas públicas do governante entre os dias 1º de janeiro e 31 de agosto de 2017.
Nos oito meses em que está à frente da Prefeitura, o tucano passou 51 dias fora da cidade, o equivalente a pouco mais de um mês e meio longe do território paulistano.
Em nota, a prefeitura defendeu os deslocamentos de João Doria e disse que eles levam em conta os retornos que podem trazer para a cidade.
Veja a íntegra do texto.
“Uma avaliação correta da agenda do prefeito deve levar em conta, para além dos aspectos quantitativos e localização geográfica dos compromissos, a qualidade do que foi realizado — isto é, os resultados obtidos, tanto em reuniões quanto em encontros, visitas e demais eventos.”
“Destacamos a seguir algumas reuniões e agendas que, embora realizadas no centro da cidade — onde fica a sede da Prefeitura —, tiveram impacto positivo em regiões periféricas e resultaram em benefícios para as camadas mais pobres da população, prioridades da atual gestão.”
“Entre os melhores exemplos estão o programa Trabalho Novo, que conta hoje com mais de 1.140 pessoas em situação de rua com vagas de empregos formais e garantia de 10 mil vagas, resultado de seguidas reuniões com mais de 40 empresas ou do comparecimento do prefeito a eventos empresariais; e a regularização fundiária que beneficiou mais de 12 mil famílias do Jardim Keralux, em Ermelino Matarazzo, obtidas graças a reuniões (agendas internas, por tanto) com o Banco do Brasil.”
“Na área educacional, mais um exemplo de benefícios à periferia. Reuniões do prefeito com a direção da Universidade Federal de São Paulo viabilizou a instalação de um campus de extensão universitária na zona leste, na região da Avenida Jacu Pêssego, resolvendo-se um imbróglio jurídico que se arrastava havia cerca de três anos. Uma série de reuniões com empresas de tecnologia resultaram na doação de equipamentos para as escolas municipais no valor de R$ 300 milhões. Os equipamentos já estão em instalação.”
“No caso dos parques, uma parceria com a BRF que ganhou certo relevo na imprensa por criar um espaço para animais no Ibirapuera acabou estendida, por exigência do prefeito, para outros equipamentos, como os parques da Vila Prudente, Anhanguera, do Povo, do Cordeiro e Chácara do Jockey.”
“Voltando às empresas, citamos também a Votorantim que, além de doar materiais para reformar calçadas, atua num programa de intervenção urbanística na Vila Leopoldina que terá 700 habitações de interesse social.”
“Na área da Saúde, uma parceria com a Medtronik resultou na doação de 200 marca-passos (R$ 1,6 milhão) mais 2 sistemas de telemedicina que vão melhorar o atendimento de urgências cardíacas em 22 hospitais. Benefício obtido em reuniões com empresários do ramo hospitalar.”
“Na Educação, não é demais lembrar a construção de quatro laboratórios pioneiros de Educação Digital — todos doados por empresas que se reuniram com o prefeito de São Paulo em compromissos internos.”
“Quanto à agenda internacional e mesmo as viagens domésticas do prefeito, é importante lembrar que tais eventos favorecem a troca de experiências e atração de investimentos, não têm custos para o erário (o prefeito ou viaja a convite ou com recursos próprios) e não alteram a dinâmica da gestão, uma vez que o prefeito usa ferramentas tecnológicas para cobrar sua equipe.”
“Em relação a despachos com secretários, cabe lembrar que o primeiro escalão se reúne com o prefeito a cada 15 dias. Tais encontros não raro chegam a 5 horas de duração. Sem contar este fórum específico, o prefeito faz reuniões e despachos específicos com vários secretários diariamente e demanda muito seus subordinados por ferramentas eletrônicas e telefone — e, obviamente, isso não é retratado, nem deveria, na agenda publicada diariamente no site da Prefeitura.”