André Sturm, secretário de Cultura escolhido por Doria, quer tirar grandes palcos do centro e cogita usar autódromo de Interlagos
Nelson Antoine/08.12.2016/Framephoto/Estadão ConteúdoApós anúncio da transferência da Virada Cultural para Interlagos, na zona sul de São Paulo, feito pelo prefeito eleito da capital paulista, João Doria (PSDB), o secretário de Cultura escolhido pelo tucano, André Sturm, negou que o evento sairá do centro e que ocorrerá exclusivamente no autódromo.
Na manhã desta quinta-feira (8), o novo secretário de Cultura falou sobre as ideias que a gestão têm para o evento e explicou que o objetivo é "descentralizar ainda mais" a Virada e tirar os grandes palcos do centro da cidade.
— Os grandes shows desvirtuam a oportunidade de circular no centro e a ideia é tirar esses shows do centro. [...] Garanto que não haverá grandes palcos no centro da cidade.
Como exemplo de grande palco, o secretário citou o palco Brega, tradicionalmente ocorrido no Largo do Arouche. Segundo ele, o palco não deixará de existir, mas pode mudar de lugar.
De acordo com Sturm, levar essas apresentações que atraem bastante público e podem causar aglomerações para Interlagos foi uma ideia e não quer dizer que será realizado lá de fato. Caso o espaço não seja adequado, não comporte o número de pessoas que esses tipos de shows atraem, o projeto pode ser revisto.
— Tudo que a gente fala são ideias. Posso dizer que a gente planeja fazer em Interlagos. A questão é tirar os grandes shows do centro da cidade.
Segundo ele, há também uma ideia de que algumas atrações da Virada são muito tumultuadas e retirar esses palcos do centro pode fazer com que mais gente se sinta atraída para assistir.
— Tem gente que não vai porque fala que é cheio, perigoso, sujo.
Para o secretário, a Virada Cultural já vem descentralizando sua programação e a ideia é intensificar isso, sem deixar de realizar apresentações no centro.
— Queremos que seja um evento de ocupação da cidade. [A Virada] permanece no centro e vai ser mais descentralizada do que já é.
Além disso, o secretário disse que o objetivo do evento é estimular o uso de equipamentos culturais da cidade como teatros e bibliotecas e fazer com que o público queira frequentar esses locais o ano inteiro.
— Há equipamentos subutilizados e queremos que a Virada seja catalizadora desses equipamentos.
Sobre a programação, Sturm garantiu que o evento continuará com apresentações culturais diversificadas e que irá agradar diferentes públicos.
Protesto e polêmica
Durante a coletiva, a Rede Minha Sampa leu um manifesto em que pede a proteção da Virada Cultural e sua permanência no centro de São Paulo, sem desvirtuar sua essência. Para o grupo, o evento precisa permanecer na rua e em locais públicos. Na terça-feira (6), a Minha Sampa criou uma petição online para que a Virada Cultural se torne um patrimônio cultural imaterial da cidade.
Fundador da Virada Cultural critica mudança para Autódromo de Interlagos: “Não é mais a Virada”
O documento assinado pela população será enviado para o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo).
No dia 5 de dezembro o prefeito eleito de São Paulo, João Doria Jr, anunciou que a Virada Cultural ia ser transferida para Interlagos e não seria mais realizada nas áreas centrais da cidade.
Na ocasião, Doria afirmou que a Virada Cultural vai continuar gratuita.
— A Virada continua absolutamente gratuita em qualquer circunstância, mesmo com o autódromo privatizado.
Ele afastou ainda a possibilidade de críticas em relação à mudança.
— As pessoas podem manter o convívio naturalmente, não é preciso esperar a Virada para conviver com o centro da cidade, com os equipamentos culturais do centro.