Em meio à disputa da Copa do Mundo, a Prefeitura de São Paulo adotou algumas medidas para tentar controlar o trânsito. Uma delas foi a extensão do horário de rodízio municipal em dias de jogos no Itaquerão. A decisão foi criticada pelo engenheiro especialista em trânsito Adriano Branco Murgel.
— Essa atitude de ampliar o rodízio é fatídica. Primeiro, o jogo ocorre em um ponto específico de São Paulo. Outra questão é que estamos em período de férias escolares, ou seja, não precisaria fazer isso.
Murgel, que foi secretário dos Transportes do Estado de São Paulo nos anos 80, lembra que, no início da implementação do rodízio, no final dos anos 90, a circulação dos carros era limitada durante o dia inteiro.
— Caminhamos para que o rodízio seja estendido não mais por horas, mas sim por até dois dias. Mais isso também é uma solução paliativa, pois o congestionamento começa a se rearranjar nos espaços livres. A saída é apostar no transporte de alta e média capacidade. O número de carros é muito grande.
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A medida foi adotada pela prefeitura após o caos registrado no último dia 17, devido ao jogo Brasil x México. Com o horário de expediente antecipado,o pico de congestionamento durante a tarde chegou a 300 km, às 15h.
Já para o professor do CEATT (Centro de Estudos Avançados e Treinamento de Trânsito) Valmir Nogueira a decisão é válida e tende a ajudar a desafogar o trânsito caótico.
— Essa é uma forma de contribuir para o bom fluxo de veículos. Porém, uma alternativa que poderia realmente funcionar é a de aumentar a área territorial do Centro Expandido.
Efeitos
Na quinta-feira (27), segundo dia em que a medida foi adotada, o índice de congestionamento caiu consideravelmente em comparação a uma quinta-feira normal. De acordo com dados da CET, no dia 5 o maior pico de lentidão registrado no período da tarde foi de 127 km, enquanto no dia 27, a lentidão máxima foi de 23 km.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse que não há um projeto para que o rodízio passe a ser integral. O secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, afirmou em entrevista à Rádio Estadão, na quinta-feira (26), que as medidas servem como estudo para possíveis outras mudanças no trânsito.
— Isso serve para nós como estudo. Não há nesse momento intenção de torná-la definitiva. Nós estudamos várias alternativas. Uma delas é estender o rodízio além do Centro Expandido. A outra é e ampliar o rodízio para o dia todo, outra para ampliar duas placas por dia. Esse evento que está acontecendo [jogos da Copa do Mundo] serve para a área técnica da CET como laboratório.
Legalidade
O advogado especializado em direito do trânsito Henrique Serafim Gomes explica que, por lei, a prefeitura tem autonomia para implementar a norma. Porém, ela deve ter caráter emergencial.
— Caso a prefeitura chegue à conclusão que o rodízio se torne fixo, deve ser feita uma votação na Câmara. Depois de votada e aprovada, a prefeitura tem um ano para colocar a lei em prática.
No caso de motoristas que foram pegos de surpresa nos dias de ampliação do rodízio, ou que circularam nas faixas de ônibus dentro do horário de restrição expandido, o advogado tem más notícias. Os multados podem até recorrer, mas será difícil que a punição seja retirada.
— O motorista não pode alegar desconhecimento da lei. A prefeitura argumenta que anunciou por meio da imprensa. Portanto, o condutor deve ficar atento.
*Colaborou o estagiário Gilmar Junior