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Ex-patroa da mãe de Miguel é indiciada por abandono de incapaz

Miguel, de 5 anos, morreu ao cair do 9º andar do prédio de Sari, após a ex-patroa de sua mãe apertar o nono andar e deixá-lo subir sozinho no elevador

Brasil|Jaqueline Bandeira e Daniel Vilar, da Record TV

Sari Corte Real, que prestou depoimento na segunda-feira
Sari Corte Real, que prestou depoimento na segunda-feira

A Polícia Civil de Pernambuco indiciou nesta quarta-feira (1ª) a ex-patroa da mãe do menino Miguel, Sari Gaspar Corte Real, por abandono de incapaz, que resultou na morte do garoto, que prevê pena de 4 a 12 anos de reclusão. Miguel, de 5 anos, morreu ao cair do 9º andar do prédio de Sari no dia 2 de junho.

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Para a polícia, o fato de Sari ter liberado a porta do elevador com Miguel sozinho permitiu a sequência de fatos que resultou na queda e morte do menino.

O delegado Ramon Teixeira chamou atenção para a imagem da câmera que mostra as tentativas de Sari de tirar Miguel do elevador. Depois de tentar por quatro vezes, às 13h10, ela teria pressionado o botão da cobertura do prédio.


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Em depoimento na última segunda-feira (29), Sari afirmou ter apenas simulado o acionamento. Mas o laudo pericial confirmou que o botão foi pressionado. Na avaliação do delegado, o mais relevante nessa sequência de imagens foi o fato da ex-patroa ter liberado a porta do elevador e deixado Miguel sozinho.


"Independentemente da ação de pressionar ou não, o que nós entendemos de relevante foi que aquela ação omissiva de permitir o fechamento da porta tem valor jurídico penal relevante para a responsabilização penal da investigada", disse o delegado.

Depois de ouvir 21 pessoas no inquérito, que tem mais de 500 páginas, o delegado concluiu pelo indiciamento por abandono de incapaz com resultado morte. Até então Sari, respondia em liberdade por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.


"O dolo de abandonar significa deixar sem assistência, desvigiada, largada a própria sorte, incapaz de se proteger dos riscos resultantes daquela conduta, a criança tinha 5 anos, ela sequer poderia ficar desacompanhada no elevador", afirmou o delegado.

Os últimos passos de miguel foram reproduzidos pelo perito criminal em vídeo. Duas perícias criminais foram realizadas no prédio. A partir dessa análise foi feita uma animação que mostra quando Miguel sai do elevador no 9º andar, abre a porta corta-fogo e segue pelo corredor.

Ele pula o peitoril da janela, coloca os dois pés na caixa de compressores, e já na área técnica sobe na grade quando uma peça se solta e ele cai de uma altura de 35 metros.

Com base nas evidências coletadas no local e nas imagens de câmeras de segurança, o laudo pericial apontou que a queda de miguel foi acidental.

"Da saída do 9º andar até a queda, foram 58 segundos, o que elimina a possibilidade de outra pessoa ter participado do evento, se tratou de um evento atípico de natureza acidental", disse o perito criminal André Amaral.

O delegado concordou integralmente com o laudo pericial. O inquérito será encaminhado para o ministério público. "É perfeitamente possível afirmar que não dá para saber para onde ele olhou, mas pode-se prever que ele teria chamado a mãe lá do alto, porque foi abandonado minutos antes", conclui Ramon.

'Tem que pagar'

Na segunda-feira (29), a mãe de Miguel foi à porta da delegacia do Recife onde a ex-patroa foi prestar depoimento. "Ela errou, ela tirou a vida do meu filho, ela tem que pagar", disse Mirtes Renata Santana da Silva.

Acompanhada do marido, o prefeito da cidade de Tamandaré, Sérgio Hacker, e de um advogado, Sari prestou depoimento durante oito horas e negou negou ter apertado os botões do elevador e disse que não teve a intenção de fazer mal ao menino.

Miguel, que tinha sido levado pela mãe ao apartamento onde ela trabalhava, caiu do 9º andar. Imagens do circuito interno mostraram que Sari deixou o menino sozinho no elevador e ainda apertou o botão que leva à cobertura. A mãe do menino tinha descido para passear com os cachorros da família.

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