'Uma conversa conserta tudo', diz Paulo Guedes sobre diesel
Preocupação de Bolsonaro diante da possibilidade de uma nova greve seria explicação para a interferência no reajuste da Petrobras, segundo o ministro
Brasil|Do R7, com informações do Estadão
“Uma conversa conserta tudo”, afirmou neste sábado (13) o ministro da Economia, Paulo Guedes. A declaração vem um dia após o presidente Jair Bolsonaro (PSL) admitir que interferiu no reajuste de preços de dieselao telefonar para o presidente da Petrobrás e pedir para cancelar o reajuste de 5,7%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A Petrobras perdeu R$ 32 bilhões em valor de mercadoapós recuar de reajuste do diesel. Mesmo assim, Guedes garantiu que é possível “consertar” caso o presidente Jair Bolsonaro faça alguma coisa “que não seja razoável” na economia.
Na sexta-feira (12), o ministro sugeriu que não havia sido informado pelo presidente sobre a decisão. Já neste sábado, após insistência de jornalistas, o ministro afirmou que Bolsonaro já disse que não é um especialista em economia e que o presidente deve ter se preocupado com efeitos políticos. “Estamos falando em greve de caminhoneiro, esse tipo de coisa, então é possível que ele esteja lá tentando manobrar com isso”, disse Guedes.
Na sequência, Guedes foi questionado sobre que tipo de mensagem o governo passa ao ceder rapidamente a uma demanda dos caminhoneiros. “Eu vou me informar. E eu concordo com suas preocupações”, finalizou.
Porém, segundos depois, já de dentro do carro em frente ao FMI (Fundo Monetário Internacional), o ministro chamou novamente os jornalistas para complementar: “Ao mesmo tempo em que eu concordo com suas preocupações e indagações, eu acho que o presidente tem muitas virtudes. Fez muita coisa acertada, e ele já disse que não conhece muito economia. Se ele, eventualmente, fizer alguma coisa que não seja razoável eu tenho certeza que nós conseguimos consertar. Uma conversa conserta tudo”.
Viagem aos Estados Unidos
Paulo Guedes afirmou que as conversas nos Estados Unidos têm sido importantes e usadas para debater “como é que vão ser as coisas daqui para a frente no Brasil”. O ministro da Economia esteve em Nova York na quarta-feira (10) e em Washington desde então, onde participa de reuniões de primavera do FMI e encontros com investidores, economistas e ministros de outros países.
“Nós estamos conseguindo reverter uma imagem ruim”, afirmou o ministro, que disse ter se reunido com “excelentes interlocutores”, como a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, com integrantes do Banco Mundial, Tesouro americano, presidente do Federal Reserve e “presidentes dos bancos centrais do mundo inteiro”.
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Ele disse que também teve conversas sobre a entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Na visita de Bolsonaro aos EUA, o presidente americano, Donald Trump, se comprometeu com o endosso da candidatura do Brasil à organização, um pleito da equipe econômica.
Guedes afirmou que a economia mundial está conseguindo “atravessar um desfildeiro estreiro” e evitar que a crise financeira virasse uma depressão mundial. “Ao mesmo tempo, se a economia estivesse crescendo muito e houvesse uma ameaça de inflação seria terrível, os juros estariam subindo, teria uma desalavancagem forte, teria uma bolha dos bônus estourando. A economia mundial poderia de repente cair num desastre”, explica.
O ministro também ressaltou que, com a desaceleração moderada da economia mundial, e a volta do crescimento do Brasil, haverá um horizonte de investimentos no país, especialmente em setores como petróleo, gás e infraestrutura, com destaque para saneamento.
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Segundo o ministro da Economia, ele não foi questionado durante as reuniões do FMI sobre a decisão relativa ao diesel no Brasil. O diretor do departamento de Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional, Alejandro Werner, afirmou nesta sexta-feira que tudo o que impedir uma "operação comercial saudável" da Petrobrás pode gerar problemas à empresa.