Witzel: Governadores ficaram desamparados no combate à covid
Ex-governador do Rio de Janeiro afirma que diálogo poderia ter evitado milhares de mortes durante a pandemia
Brasil|Do R7
O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel afirmou nesta quarta-feira (16), durante seu depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, que o diálogo entre o governo federal e governadores poderia ter evitado parte das mortes em decorrência da covid-19. "Ficamos desamparados do apoio do governo federal."
"Nós, governadores, desde o início do controle da pandemia, buscamos tomar as medidas de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde. A partir do momento que governadores e prefeitos viram a necessidade de seguir as orientações, nós pedimos ao presidente da República diversas vezes, suplicando, que nos atendesse e que pudéssemos conversar para tentar soluções em conjunto", disse Witzel ao citar bons exemplos de outros países.
De acordo com Witzel, era necessário olhar para o Brasil como um todo no estabelecimento de medidas preventivas. "Se o Brasil não tivesse, através do governo federal, sido negacionista, o presidente da República desse a orientação para negociar com os governos chineses, alemães e até mesmo Estados Unidos, para trazer para cá respiradores, insumos e a vacina, nós não teríamos ficados à mercê das alternâncias de preços nos mercados internacionais", avaliou.
Para o ex-governador, houve uma “narrativa pensada” do governo federal para colocar os Estados "em situação de fragilidade". "Fui o primeiro governador a decretar o isolamento social para controlar a pandemia. [...] A minha situação era crítica e não conseguíamos diálogo com o presidente. Como você tem um país em que o presidente não dialoga com os governadores?", questionou.
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“A narrativa criada foi de que os governadores iriam destruir os empregos, porque se sabia que o isolamento social traria consequências graves à economia”, completou Witzel. Ele garantiu que sua fala pode ser comprovada por inúmeras cartas encaminhadas ao Planalto. “Tivemos duas reuniões com o presidente na qual percebemos a politização da pandemia, O governador [de São Paulo, João] Doria foi atacado de uma forma descortês”, pontuou.
Mesmo com a autorização do STF (Supremo Tribunal Federal) para faltar ou permanecer calado durante o depoimento, o ex-governador decidiu comparecer ao colegiado e responder aos questionamentos dos senadores.