A convite da primeira-ministra da Itália, Lula participa de reunião do G7 nesta sexta-feira
É a oitava vez que presidente é convidado para encontro do grupo; petista fará discurso e terá agendas bilaterais
Brasília|Ana Isabel Mansur e Plínio Aguiar, do R7 em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta sexta-feira (14), em Puglia, na Itália, da Cúpula do G7, grupo que reúne as sete maiores economias do mundo. O convite partiu da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. Lula deve discursar no encontro, que ocorrerá em um resort. É a oitava vez que o petista é convidado para participar de um encontro do G7.
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A expectativa é que o presidente saia em defesa dos objetivos brasileiros em assuntos ligados à economia digital, transição energética e promoção da paz. A sessão da qual Lula vai participar tem como temas inteligência artificial, energia, África e Mediterrâneo.
À parte da cúpula do G7, Lula terá agendas bilaterais com líderes de outros países. Por enquanto, estão confirmadas reuniões com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, entre outros.
Criado em 1975, o G7 reúne os países mais ricos do mundo. Atualmente, o grupo é composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
Agenda internacional
Lula está na Europa desde quinta-feira (12), quando participou do Fórum Inaugural da Coalização para Justiça Social, em Genebra, na Suíça. O evento é organizado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), uma agência da ONU (Organização das Nações Unidas).
O presidente discursou na abertura da reunião e afirmou que a “mão invisível do mercado” agrava ainda mais a desigualdade no mundo do trabalho. Lula disse também que a igualdade salarial entre homens e mulheres ainda é uma utopia e defendeu o combate contra a pobreza, além de criticar os conflitos ao redor do globo.
As guerras na Ucrânia e em Gaza e tantos outros conflitos esquecidos nos afastam desse ideal. Trabalhadores, que deveriam se dedicar às suas vidas e famílias, são direcionados para a frente da batalha, de onde ninguém sabe se vai voltar e quem será o vencedor. Em 2023, o gasto com armamento subiu 7% em relação a 2022, chegando a uma soma de 2,4 trilhões de dólares.
O presidente afirmou ainda que o mundo precisa de paz e de prosperidade. “Não de guerra”.
Lula defendeu que a OIT, em conjunto com a ONU, faça um projeto de inteligência artificial. “E que seja do Sul-Global, para que a gente possa competir com os países mais ricos que, ao criar a inteligência artificial, tentam manipular o restante da humanidade”, afirmou. O presidente aproveitou a ocasião para defender a ideia. “Nada mais é do que a esperteza de umas empresas, que acumulam os dados de todos os seres humanos. E com a acumulação desses dados, sem pagar um único centavo para o povo, conseguem fazer o que estão fazendo hoje. É uma tarefa revolucionária”.
O presidente brasileiro voltou a defender a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G-20. “Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma dos PIBs do Japão, da Alemanha, da Índia e do Reino Unido. É mais do que se estima ser necessário para os países em desenvolvimento lidarem com a mudança climática. A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais.”
G7 de 2023
Lula também participou da cúpula do grupo em 2023, em Hiroshima, no Japão. A expectativa era de encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. No entanto, a reunião não ocorreu por incompatibilidade de agendas. Na ocasião, o brasileiro condenou a “violação da integridade territorial da Ucrânia”. O petista também criticou o uso de armas nucleares e pediu articulação para o fim da guerra. “Nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo. Precisamos trabalhar para criar o espaço para negociações”, afirmou, à época.